Entraria pelo banco, mascarado, claro. Com confiança iria até à caixa e mostrar‑lhe‑ia o papel onde estava escrito:
- “Isto é um assalto,
passe o dinheiro que tem na caixa e ninguém se irá magoar!”
Hesitava sobre se nessa
altura lhe deveria mostrar a arma e que arma devia levar, uma faca ou a pistola
de água que parecia de verdade.
Sabia pelos filmes que
teria apenas alguns segundos antes que alguém tocasse o alarme e viesse a
polícia. Levava um saco onde colocaria o dinheiro e sairia dali em passos rápidos
e seguros. Já na rua, montaria na bicicleta, seguiria pelas ruas estreitas
entre turistas, deixaria para trás a bicicleta, o casaco, a máscara. Ninguém o
iria reconhecer sem eles.
Na noite antes do dia
escolhido dormiu mal e estava já bem desperto quando o despertador tocou.
Levantou-se e procurou nos gestos rotineiros alguma tranquilidade. Olhou-se no
espelho quando decidiu não fazer a barba, e não lhe devolvia a imagem do homem
confiante que queria ser. Teve de voltar atrás duas vezes porque se esquecera
primeiro da máscara, depois da faca.
Chegou quando abria e mesmo assim tinha dois
clientes à sua frente. Resolveu esperar cá fora que fossem atendidos, os dois e
um terceiro que chegou depois dele. Entrou finalmente quando seria o único na
dependência além dos funcionários. Sentiu-se tremer quando se dirigia para a
caixa e foi então que ouviu atrás dele o barulho da porta a bater e entraram
dois mascarados. Um deles gritou:
- “Todos para o chão,
isto é um assalto!”
Trazia com ele uma
metralhadora. O outro avançou para o balcão, saltou para o lado de lá e começou
a encher um saco. Foi rápido e eficiente, e os dois saíram sem disparar um tiro
quando começou a soar o alarme. Devem ter tempo suficiente para escapar,
pensou, enquanto se levantava do chão. Lembrou-se então que estava também
mascarado. Se o apanhassem ali, iriam pensar que estava com os outros dois.
Saiu disparado. Montou na bicicleta, seguiu pelas ruas apertadas, deixou para
trás a bicicleta, o blusão e a máscara. Chegou a casa em sobressalto, o coração
a bater. Talvez ainda pudesse recuperar a bicicleta se ninguém desse por ela. E
talvez fosse melhor repensar esta opção profissional, especialmente depois de
um dia a terminar só em prejuízo.
A concorrência nem sempre é saudável :)))
ResponderEliminarBeijinho
Pois, para primeira pedalada, não lhe correu nada bem. Pensou em muita coisa, mas esqueceu-se de que há coincidências e, sobretudo, que há ladrões que não agem sozinhos.
ResponderEliminarSe calhar, a bicicleta já lá não estava. Nem dar um passeio para esquecer o prejuízo podia!
Um beijinho, Gábi, e um dia bom.
Há muita gente a pensar o mesmo! :)
ResponderEliminarAbraço