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"Quem tropeça é sempre alguém que se distrai a olhar para as estrelas" Vladimir Nabokov (nome do blogue veio do livro para crianças de Virgínia de Castro e Almeida)
Uma Admirável Droga de Luiz Pacheco
Sobre o autor in Goodreads:
Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco foi escritor, editor,
polemista, epistológrafo e crítico de literatura.
Nasceu em 1925, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, numa velha
casa da Rua da Estefânia, filho único, no seio de uma família da classe média,
de origem alentejana, com alguns antepassados militares. O pai era funcionário
público e músico amador. Na juventude, Luiz Pacheco teve alguns envolvimentos
amorosos com raparigas menores como ele, que haveriam de o levar por duas vezes
à prisão.
Desde cedo teve a biblioteca do seu pai à sua inteira disposição e
depressa manifestou enorme talento para a escrita. Estudou no Liceu Camões e
chegou a frequentar o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade
de Letras de Lisboa, onde foi um óptimo aluno, mas optou por abandonar os
estudos. A partir de 1946 trabalhou como agente fiscal da Inspecção Geral dos
Espectáculos, acabando um dia por se demitir dessas funções, por se ter fartado
do emprego.
Desde então teve uma vida atribulada, sem meios de subsistência
regulares e seguros para sustentar a família crescente (oito filhos de três
mães adolescentes), chegando por vezes a viver na maior das misérias, à custa
de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues, indo à
Sopa dos Pobres. Esse período difícil da vida inspirou-lhe o conto
"Comunidade", considerado por muitos a sua obra-prima.
Nos anos 60 e 70, por vezes viveu fora de Lisboa, nas Caldas da Rainha e
em Setúbal.
Começa a publicar a partir de 1945 diversos artigos em vários jornais e
revistas, como O Globo, Bloco, Afinidades, O Volante, Diário Ilustrado, Diário
Popular e Seara Nova. Em 1950, funda a editora Contraponto, onde publica
escritores como Raul Leal, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Mário
Cesariny, António Maria Lisboa, Natália Correia, Herberto Hélder, etc., tendo
sido amigo de muitos deles. Dedicou-se à crítica literária e cultural,
tornando-se famoso (e temido) pelas suas críticas sarcásticas, irreverentes e
polémicas. Denunciou a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo
regime salazarista. Denunciou, de igual modo, plágios, entre os quais o
cometido por Fernando Namora em Domingo à Tarde e sobre o romance Aparição de
Vergílio Ferreira.
A sua obra literária, constituída por pequenas narrativas e relatos
(nunca se dedicou ao romance ou ao conto) tem um forte pendor autobiográfico e
libertino, inserindo-se naquilo a que ele próprio chamaria de corrente
"neo-abjeccionista". Em "O Libertino Passeia por Braga, a
Idolátrica, o Seu Esplendor" (escrito em 1961), texto emblemático dessa
corrente e que muito escândalo causou na época da sua publicação (1970), narra
um dia passado numa Braga fantasmática e lúbrica, e a sua libertinagem mais
imaginária do que carnal, que termina de modo frustrantemente solitário.
Alto, magro e escanzelado, calvo, usando óculos com lentes muito grossas
devido a uma forte miopia, vestindo roupas usadas (por vezes andrajosas e
abaixo do seu tamanho), hipersensível ao álcool (gostava de vinho tinto e de
cerveja), hipocondríaco sempre à beira da morte (devido à asma e a um coração
fraco), impenitentemente cínico e honesto, paradoxal e desconcertante, é sem
dúvida, como Pícaro, personagem literário, um digno herdeiro de Luís de Camões,
Bocage, Gomes Leal ou Fernando Pessoa.
Debilitado fisicamente e quase cego devido às cataratas, mas ainda a dar entrevistas aos jornais, nos últimos anos passou por três lares de idosos, tendo mudado em 2006 para casa do seu filho João Miguel Pacheco, no Montijo e daí para um lar, na mesma cidade.
Kardec de Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa
No site da Bertrand:
"ALLAN KARDEC é conhecido como o fundador do espiritismo, uma doutrina filosófica de consequências morais, sendo autor do célebre "Livro dos Espíritos", de 1857, cuja leitura é obrigatória para os seus seguidores. Mas quem foi o homem Hippolyte Léon Denizard Rivail e o que o levou a tornar-se Allan Kardec?
É isso que se procura mostrar nesta obra, ao transportar o leitor para a França do século XIX, onde as ideias metafísicas fervilhavam, e ao acompanhar Kardec durante a sua incessante busca por respostas para a existência humana, em fenómenos sobrenaturais, vivenciados em reuniões onde objectos se moviam de forma inexplicável. Do pedagogo francês e estudioso do magnetismo ao codificador e maior referência da doutrina espírita no mundo, saiba como tudo começou."
O Menu (The Menu) de Mark Mylod com Ralph Fiennes, Anya Taylor-Joy e Nicholas Hoult
(Giovanni Antonio Canal) A obra de arte pintada por volta de 1730 é uma das várias pinturas de Veneza efetuadas pelo artista italiano do século XVIII. O quadro a óleo sobre tela captura uma bela vista da romântica cidade, destacando-se a torre sineira do Campo della Carità’s, à direita
O Gato do pêlo em pé de Violeta Figueiredo, ilustrações de Teresa Caria
No site da Bertrand
"Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 3º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma.
De uma das melhores autoras portuguesas da actualidade, um livro de poemas para crianças que deliciará os pequenos leitores... E os grandes. Belas ilustrações a tinta-da-china."
Os Livros dos Outros de Vergílio Alberto Vieira
No site da Bertrand:
"Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 4º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma.
Neste outro título da colecção Obras de Vergílio Alberto Vieira, espreitam-se os livros dos outros, apresentam-se novas leituras e confirma-se a literatura como ponto de passagem entre diferentes tempos e diferentes autores."
estapafúrdio
O
Carlos que tem a mania que sabe mais, só porque fez onze anos primeiro, vai de
me desafiar, que eu não conseguia escrever uma história com estapafúrdio. Eu disse-lhe
que sim, ele disse que não, sim, não, sim, não, e agora tenho de escrever este
texto com estapafúrdio.
Fui
ver à net o que era estapafúrdio e podia ser estranho ou estrambólico, este
ainda é mais giro, mas tem de ser o estapafúrdio.
É
estapafúrdio aquilo em que estou metido só por culpa do Carlos.
São
estapafúrdias as guerras e mortes. O meu pai até muda de canal quando dão as
notícias.
É
estapafúrdio ele zangar-se com o vizinho quando joga o Porto porque o vizinho é
do Benfica e diz o meu pai, o filho da – não vou escrever tudo porque é feio – do
vizinho, até quer que o Porto perca mesmo quando não joga com o Benfica, mas o
meu pai é igual, também quer que o Benfica perca, mesmo que jogue com outros. A
minha mãe só torce pelo Ronaldo, mas agora vai ser mais difícil porque ele está
para as Arábias.
O
mundo todo é estapafúrdio, os políticos falam e roubam – diz o meu pai, andam
todos em greves, menos o meu pai, diz ele, quando não está também a fazer
greve, aí está a lutar por um país melhor para todos.
Temos
de ir para a escola, mas podemos ficar em casa se houver greve.
Antigamente
com o Covid também tivemos de ficar em casa. De bom foi o meu pai dizer que íamos
ter um cão, mas depois não havia cães para ninguém, disse a minha mãe.
Ainda
bem que o Carlos mora aqui ao lado, mesmo sendo do Benfica como o pai dele.
E
pronto já escrevi a história.
Na Cooperativa Popular Cultural Barreirense, no Barreiro, vai ser o lançamento oficial do novo livro da
Elvira Carvalho do blogue Sexta-feira e outros. Ver AQUI
O Estrangulador de Boston (Boston Strangler) de Matt Ruskin, com Keira Knightley,Carrie Coon e Chris Cooper)
Livraria MBooks em Campanhã (livros de edições esgotadas e com preços como três euros, embora haja outros mais caros - BD, infantis, poesia e edições recentes)
Livraria Aberta, na Rua do Paraíso, nºs 297/299 - livros de editoras diferentes,vários em inglês e castelhano
"Este lago salgado constitui o ponto mais baixo em terra de toda a África e o terceiro ponto mais baixo do planeta. Rodeado por vulcões adormecidos e campos de lava, a maior reserva de sal do mundo é, de há muito, utilizada pelos habitantes locais para recolha de sal."
MEDO
Não é real,
não é real, não é real.
O perigo
sê-lo-ia, mas nem sequer estou neste momento em perigo.
O medo poderia
servir para que fugisse e evitasse o perigo. Em tempos, criança ainda, fugi de
perigos não reais como cães que ladravam e não mordiam e uma consulta no dentista
– ia fazer-me doer, sei que ía.
Desconfio que perante um perigo real agora ficaria paralizada, o coração a explodir
no peito – qual tambor, vão ouvi-lo,
a respiração alterada, a transpiração gelada a colar-me a roupa ao corpo, a procurar
ver no escuro, ouvir e traduzir cada ruido.
Senti-o uma
vez, saía de um pesadelo, já não estava bem a dormir, despertava, mas não me
conseguia mexer ou gritar, a paralisia do sono. Na transição entre o sono e a
vigília, a temporária desconexão das funções motoras, perceptivas, emocionais
ou cognitivas. Assustador até lembrar.
Enquanto
não me surge a minha morte como iminente, esgotado o prazo de validade, tenho
tanto medo das perdas.
O maior
medo é então sobrar apenas eu. Quem saberá quem sou, quem me ajudará a levantar
se cair? Deverei manter-me viva e só, com maleitas e doenças no corpo cada vez
mais frágil, esquecimentos e incapacidades de compreensão. Terei medo de sair à
rua, mesmo para comprar alimentos. Numa queda pode vir dor e mais incapacidade.
Pedidos de auxílio irão embater na indiferença e pressa, irão gritar-me, como
se não ouvisse bem, quando só não perceberei o que me dizem. Para os estranhos
não sou ninguém.
Manter-me-ei
viva porque só eu lembro os que me eram queridos e partiram.
Então será mais
forte o medo que a morte seja o fim porque não haverá reencontros, mas sendo o
fim, o nada, pelo menos ao morrer, acaba o medo.