quinta-feira, janeiro 20, 2022

CNEC 58/30 - 7/10 Por segundos

 

Havia algo que queria fazer ou dizer…seria algo importante?…não se lembrava do que era.

Pesava-lhe a cabeça, sentia as ideias lentas e confusas. mal-estar e náuseas,  talvez se se deitasse, devia ir deitar-se…

…não sentia força ou vontade para se levantar…mais fácil deixar-se ficar onde estava…

Deslizou no sofá onde se sentara e enquanto se permitia afundar, pareceu-lhe ver as pernas de Ema no chão.

Que estranho…não fazia sentido.

Forçou-se a abrir os olhos, pesavam-lhe as pálpebras e apesar de meio cerradas, viu-lhe os pés, irregulares, só um enfiado no chinelo, mantido por este direito, e o outro, de lado, posição esquisita, será que não lhe doía? E estava demasiado perto da lareira. Pensou chamá-la, “Ema”.

Não o fez. Precisava de dormir por uns segundos, só um segundo, um segund…

CRASH, em mil fragmentos se partiu o vidro da janela em frente, ouviu-o, sentiu-os a virem contra si, ou seria antes o ar gelado que dolorosamente o despertou.

O que é que partiu o vidro? Quem o partiu?

Ganhou consciência da atmosfera quente e pesada em que antes se encontrava, doía-lhe a cabeça, lembrou-se da Ema. Já não lhe via as pernas ou pés no sítio onde antes estavam. Um bombeiro equipado veio ter com ele, outro amparava a Ema. Ouviu-os: “temos de sair”.

Mais uns segundos, se não tivessem partido o vidro, não teria voltado a acordar.

1 comentário:

  1. Os aquecimentos por vezes são tão traiçoeiros e quando dão por isso já eram.
    Não uso qualquer aquecimento, nem nunca deixo o telemóvel e o tablet a carregar durante a noite ou até quando saio porque a qualquer instante poderá haver um tremendo imprevisto.
    Gostei porque esta história, pelo menos para mim, um grande alerta.
    Beijos

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