“Socorro, socorro que me mata, ajudem-me!”
Os
gritos agudos irromperam pela madrugada e acordaram os vizinhos.
Entre
o acordarem e chegaram à porta, e alguns ainda hesitaram se abriam ou não, apenas
ouviram o motor do carro a arrancar.
A
porta do rés-do-chão direito estava aberta. Na entrada, encostada à parede e
com sangue na camisa de dormir, Maria Tomé já não gritava. Estava uma faca no
chão.
Ajudaram-na
a sentar-se. Um teve a ideia de comprimir a ferida, outro de chamar o INEM.
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Mas quem lhe fez isto santinha? Inquiriu Druzila, a vizinha do rés-do-chão
esquerdo. Já de idade avançada, tinha vivido muito, de bom e de mau, como ela
dizia. Constava que era meio bruxa e dava consultas.
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Muito branca e ofegante, Maria Tomé não parecia estar a ouvi-la e desabou num
sussurro: “pensei que me amava e levou-me tudo”
Perdeu a consciência quando o INEM chegou e a
levaram a ela.
Aquele
era um prédio pequeno onde todos se conheciam e cumprimentavam, e ficaram algum
tempo ainda a conversar no patamar.
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Isto foi o amante, o Manel.
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Malandro, às tantas matou-a e escapou.
-
Isto não vai ficar assim. Concluiu Druzila.
Horas
depois souberam do acidente. Seguia por uma reta e nem ia depressa. Ninguém
percebeu como se despistara e foi contra uma árvore. Levaram-no para o mesmo
Hospital onde Maria Tomé recuperava. No carro apreenderam o dinheiro e as joias
que roubara.
Não
tinha batido com a cabeça, mas parecia. Veio com uma história que tivera o
acidente porque a morte lhe aparecera à frente.
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E como é a morte?
-
Uma velha feia e zangada.
No
julgamento ele viu a Druzila na audiência e assustou-se. Confessou tudo. Aquela
viu a clientela aumentar, mas nunca confirmou ter sido a aparição.
É que a sábia Druzila sabia de certeza que 'o segredo é a alma do negócio'.
ResponderEliminarMas ainda bem que a vida de Maria Tomé, essa, não tinha sido roubada. Pode ser que Druzila, depois, lhe tenha ensinado a defender-se dos não amores!!!
Um beijinho, Gábi, e um dia com outras boas histórias.
Obrigada Dolores
Eliminarum beijinho e um óptimo fim-de-semana
Descreves um cenário dantesco e constante dos nossos dias. O que há mais por aí são os "vendedores da banha da cobra" e que sugam quem não anda bem.
ResponderEliminarGostei de ler!
Beijocas e um bom fim de semana
Obrigada Fatyly :)
Eliminarum beijinho e um óptimo fim-de-semana
Cá se fazem, cá se pagam!
ResponderEliminarAbraço
Neste conto, foi :)
Eliminarum abraço
Existe sempre um castigo (terreno e/ou divino) para quem não respeita a vida de outrem..
ResponderEliminar.
Bom fim-de-semana
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Aqui houve :)
EliminarObrigada " R y k @ r d o "
bom fim-de-semana e um beijinho
Minha avó era meio bruxa, mas nunca teve a sorte da Druzila kkkkk. Morreu pobre.
ResponderEliminarAdoro seus contos, Gábi!.
Acho que gostaria de ser um bocadinho
Eliminarmuito obrigada Sonia e um grande beijinho
Ui, dava um jeitão haver várias Druzilas, (que raio de nome) por este país. É certo que tirariam o trabalho ao Doutor Hernâni Carvalho mas, tenho para mim que ele nem se importava.
ResponderEliminarBoa noite, Dona :-)
também me parece que seria óptimo - até agora ainda não encontrei nenhuma Druzila, mas nunca se sabe...
ResponderEliminarbom fim-de-semana Noname :)