quinta-feira, setembro 23, 2021

CNEC 57/29 - 2/10 - A atracção dos opostos

 

 Poderá ser que os opostos se atraem?

Ou com a convivência cada vez mais se repelem?

Ela e o Vasco não poderiam ser mais diferentes. Sempre que se encontravam no grupo de amigos que tinham em comum, pareciam o cão e o gato, ou o cão e uma gata super gira e certa. Se ele queria carne, ela queria peixe, se ele criticava o governo, ela manifestava-se contra a oposição. Eram de partidos diferentes, clubes rivais, tudo era motivo para discutirem. Quando a sua melhor amiga começou com a história que tanto ódio ia dar em amor, quis torcer-lhe o pescoço à amiga e a ele, que se riu do comentário, mas riu-se com ar trocista, que raiva.

Nunca adivinharia que ela poderia estar certa.

Como por magia, de repente começaram a parecer-lhe absolutamente irrelevantes os partidos e clubes e só o Vasco brilhava. Mais incrível ainda ele ter caído sob o mesmo sortilégio. De um dia para o outro estavam a morar juntos, apanhando de surpresa até a amiga que vaticinara o romance.

Foram imensamente felizes durante três meses até que voltaram as discussões.

A última e decisiva começou com o comando de televisão. Como um estereotipo ele queria ver o jogo de futebol, enquanto ela queria ver, não a telenovela, mas um debate político. Só tinham uma televisão, ainda sem contrato com qualquer operadora não poderiam gravar o seu debate e ele insistia que também não faria sequer sentido gravar o jogo.

A zanga atingiu tal dimensão que saíram os dois de casa, batendo a porta, e deixaram de se falar.

Mas à medida que o tempo passava começou a sentir falta dele, até das discussões.

Foi então que recebeu uma encomenda dele e lá dentro, vinha o comando.

Voltaram a viver juntos, mas antes arranjaram duas televisões.

 

4 comentários:

  1. Às vezes a solução dos problemas é tão óbvia...
    Beijinho, bfds

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  2. Conheço dois casos assim que deram em longos anos de casados porque foram afinando os comandos da vida. Acho que agora ao mais pequeno embate separam-se que a meu ver "falando" poderiam chegar a acordo. Ainda a poeira da derrocada não assentou e partem logo para outra relação e havendo filhos serão sempre o elo que mais sofre, por vezes tornando-se "mochilas de recadinhos/ataques.
    Já não digo o mesmo quanto à agressão física e ou psicológica, bem diferente por a permissão disso com desculpas esfarrapadas temos o resultado que todos os dias é notícia.
    Beijos e gostei bastante de ter vindo aqui
    Bom fim de semana

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  3. Às vezes, a solução de muitos conflitos está na arte de encontrar soluções simples, embora por vezes seja complicado.
    Bom fim de semana, Gábi.

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  4. Oxalá comigo fosse apenas uma questão de duas televisões kkkkkk

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