André levantou-se do sofá e agarrou-se à mesa que estava ao lado. A visão estreitava-se e escurecia, à boca veio-lhe o amargo da bílis, um suor frio escorreu-lhe pelas costas. Tremeu, pensou que iria desmaiar, mas aguentou-se, agarrado à mesa.
Os segundos pesaram-lhe, mas a tontura passou.
Olhou em redor. Magda tinha saído talvez por meia
hora. Tinha de procurar ajuda.
Em passos hesitantes conseguiu chegar até à janela.
Abriu-a e o ar frio do Inverno invadiu a sala. Estranhamente ajudou-o.
Pareceu-lhe que respirava melhor. Debruçou‑se. Muito lá em baixo quais formigas
moviam-se pessoas, demasiado longe para o ouvirem se gritasse.
Dirigiu-se para a porta no lado oposto, ainda trémulo,
mas a ganhar mais segurança em cada passo. Experimentou a maçaneta e ela moveu-se.
Atravessou o corredor estreito e também a porta exterior lhe obedeceu, no
preciso momento em que chegava o casal que morava em frente. Os dois de máscara,
estacaram a olhar para ele. Veriam um homem de meia idade de pijama,
despenteado e barbudo, de ar doente. Pareceram assustados.
- Não estão a entender, a minha mulher quer matar-me!
Sem o poder evitar tossiu.
O homem precipitou-se a abrir a porta da sua casa e em
gestos rápidos puxou a mulher. Em pânico, sem nada lhe responderem, entraram e
fecharam a porta.
Porque estariam de máscara?
Nesse momento a porta do elevador abriu-se, com um
saco e compras de lá saiu a Magda e também vinha com uma máscara.
- Mas que fazes aqui? Assim ainda pioras. Lá para
dentro, vá.
Ainda se sentia fraco para a empurrar e por isso
recuou, de volta para a casa.
Amanhã tentaria de novo a fuga. Agora só tinha de fingir
acreditar que convalescia de pandemia, e que não estava ser envenenado, mas paranoico.
Bel raccontino ciao.
ResponderEliminarA pandemia, põe as pessoas meio doidas. Mesmo quando ainda não apanharam o vírus.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Gostei de ler!!
ResponderEliminarGostei!
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