Parecia que aquele seria
um dia igual aos outros.
Anunciava-se como quente,
mas estávamos perto do Verão.
De manhã cedo o trânsito
era intenso. Muitos iriam para os empregos, entre carrinhas e camiões pesados
que levavam e distribuíam mercadoria.
A um dos pesados, quando
acelerava, rebentou um pneu e entrou em despiste.
Foi um milagre que não
acertasse em nenhum outro veículo. O seu condutor também terá tentado
desviar-se. Ouvimos o chiar dos travões e acabou por descair no desnível para
uma ribanceira. O atrelado fez peso sobre o reboque e virou, com um estrondo
forte, imobilizando-se por fim, meio de lado. Em redor apercebemo-nos que
vazara combustível. Estava muito calor e via-se fumo a sair de trás.
O condutor estava ferido
e não conseguia sair da cabine. Ligou-se para as Emergências, mas não sabíamos
quando iriam chegar. Entretanto aquilo podia pegar fogo.
Eu tive medo, mas vi
quando uma mulher magrinha saiu do seu carro e foi para lá.
Dois ou três outros condutores parecia que iam
segui-la, mas nessa altura houve uma explosão no reboque atrás e estacaram.
Tinha pegado mesmo fogo,
mas ela continuou.
Conseguiu soltar o
condutor do cinto e puxou-o para fora. Ele estava ferido, e apoiou-se nela,
deram os dois, cinco ou seis passos, e ela conseguiu aguentar com ele que
parecia ter o dobro do seu tamanho. Quando estavam mais perto as pessoas em
redor ajudaram-nos.
Pouco depois o fogo chegava
à cabine e ao motor. Recuámos quando ouvimos a explosão. Por segundos não os
tinha apanhado, por segundos não apanhou o motorista.
A ambulância chegou e
reparei que o carro da senhora já lá não estava.
Com o senhor já fora de
perigo, ela simplesmente tinha ido embora.
Nunca a esqueci como
imagino também nunca o terá sido por aquele que salvou.
Gostei do que li neste desafio!
ResponderEliminarBeijinho minha querida Gabi 💝
muito obrigada Adélia e um beijinho muito grande
ResponderEliminar