Um velho está sentado sozinho num banco de
jardim.
Começa a escurecer.
As pessoas passaram por ele apressadas, sem se
deterem, empurradas pelo vento, embrenhadas nos seus afazeres.
Antes, ele não se apercebeu logo do frio que
fazia. Deu por si tão enregelado que desistiu de se mover.
Pensava: tenho um problema. Mas já não sabia
bem que problema era. Alguém o levara para ali? Seria um castigo?
Quem o deixara ali? O seu filho ou o seu pai?
Nunca percebera o seu pai. Devia gostar dele,
mas nunca lhe disse isso, nunca lhe deu um beijo. Vivia para o trabalho, ou
assim parecia. Morreu novo, nem tinha ainda quarenta anos.
Tentara ser diferente com o seu filho. Em
criança era um menino lindo. Mas quando cresceu, ficara parecido com o avô.
Cada vez mais, até na ruga da testa e na falta de tempo. Zangava-se consigo
porque andava esquecido ou não andava de todo.
Sabia que o seu tempo acabava, mas ninguém
tinha tempo para o ouvir.
Quando mais ninguém por ali passava, e ficou
tão escuro que já nem as próprias mãos sobre os joelhos via, sentiu que alguém
chegava.
Sentou-se ao seu lado, emanava calor,
aqueceu-o e abraçou-o.
No dia seguinte saiu uma breve noticia no
jornal, sobre o idoso senil que saíra do Lar, sem se saber quando ou como, e
foi encontrado morto, sentado sozinho num banco do jardim.
Tão triste e tão real nos tempos atuais.
ResponderEliminarAbraço e bom fim de semana