quinta-feira, maio 30, 2019

Post 7087 - Livros 2019 (59) Estação Central de José Tolentino Mendonça


Wook.pt - Estação Central

Estação Central de José Tolentino Mendonça

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SINOPSE
Reconhecido unanimemente como um dos grandes poetas portugueses da atualidade, José Tolentino Mendonça regressa aos seus leitores com Estação Central, onde um dos poemas que o integram tem a seguinte epígrafe de Dietrich Bonhoeffer: «Deus é impotente e fraco no mundo, e somente assim está connosco e nos ajuda».
Compreende-se por isso que «[-] Deus sendo puro deixa-se consumir / com a paixão insultuosa / dos devassos». Esta ambivalência entre a solidão da humanidade e o maravilhoso mistério que a acompanha perpassa as páginas deste livro.

CREDO
atribuído a Yossel Rakover

Creio no sol, mesmo quando não o vejo
Creio no amor, mesmo quando não o abraço
Creio em Deus, mesmo quando Deus se cala
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Nova Iorque convém à poesia de José Tolentino Mendonça. Tendo vivido na cidade durante o último ano, Tolentino encontra nessa paisagem múltiplos lugares onde o sagrado e profano se cruzam, se tocam, se interrogam. Esta é a mais paradoxal das colectâneas do poeta, porque a questão central da “santidade” aparece muito associada ao “lodo”. A geografia nova-iorquina invade os poemas, Greenwich Village, os parques, o rio Hudson, ou o Chelsea Hotel, convocado como “a última morada de Deus” (“última” talvez no sentido de “mais improvável”).
Toda a estratégia desta poesia consiste em apresentar a “terra desolada” como terra prometida, a “noche oscura” como luz do mundo. […] os poemas assemelham-se por vezes a salmos ou hinos, mas com referências contemporâneas, ao cinema de Panahi e às canções de Bonnie “Prince” Billy. Existem em estado de contradição, e tanto defendem que a sabedoria consiste em “nada omitir”, como se baseiam em omissões e elisões.»
Pedro Mexia, Expresso
Poeta, sacerdote e professor, José Tolentino Mendonça nasceu na ilha da Madeira. Estudou Ciências Bíblicas em Roma e vive em Lisboa, onde, entre outras responsabilidades académicas e pastorais, é vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (onde se doutorou em Teologia), diretor do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião e capelão da capela do Rato. É também consultor do Pontifício Conselho para a Cultura (órgão do Vaticano). Tem publicado diversos livros de poesia, ensaio e teatro na editora Assírio & Alvim e colaborado em muitos outros como tradutor e organizador. Para José Tolentino Mendonça, «a poesia é a arte de resistir ao seu tempo». A sua obra tem sido distinguida com vários prémios, entre eles o Prémio Cidade de Lisboa de Poesia (1998), o Prémio Pen Club de Ensaio (2005), o italiano Res Magnae, para obras ensaísticas (2015), o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes APE (2016), o Grande Prémio APE de Crónica (2016) e, mais recentemente, o prestigiado Prémio Capri-San Michele (2017)."

Chelsea Hotel de José Tolentino Mendonça no livro Estação Central

Este indisfarçável vermelho-escuro através dos espelhos
estas canções para se atirar de cabeça
fora ou dentro de uma arte antiga
detalhes de uma inteira linhagem
dizem-nos que chegamos ao Chelsea Hotel,
a última morada de Deus

Quando me sentei no hall, na estação passada
devia estar contente e não estava
Sentia-me mais só que no cabo do mundo
tinhas-me falado do sopro
que vem do paraíso e nos resgata
em regra chegamos demasiado tarde
alguma coisa que nem sabemos nos resiste
e antes ou depois as águas fecham-se

Nos jardins suspensos de Chelsea,
naquela varanda em que estivemos juntos
resistindo ao frio e aos golpes da estranheza
olhámos uma realidade que não pára.

para Rita e Bernardo Mota

2 comentários:

  1. Um dos grandes vultos da cultura em Portugal.
    Beijinho

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  2. Infelizmente não li dele, mais do que um ou outro poema postados em alguns blogues.
    Abraço

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