O Fanecas de Henrique Pinto
No site da wook:
"EXCERTOS
«E era, precisamente, o facto de que, a sua vida nada tinha para contar, o que o levava a sentir-se uma nulidade, ao contrário de tão grandes feitos. Gostaria de ser actor, e, quem sabe, pudesse até vir a ser realizador, apesar de ter apenas concluído o nono ano de escolaridade.
Estava ele ainda alheado e absorto nestes e noutros pensamentos, menos edificantes, quando uma voz, que ele, infelizmente, conhecia muito bem, o traz de volta, à barafunda do mercado.
– O mal cheiroso do Fanecas, por aqui!... – exclamou, em voz alta, o filho do cardiologista, Fernando Vasconcelos, o Doutor Luisinho, como lhe chamava, reverenciosa, a fina flor do bairro.
O ódio e a raiva não transbordaram, por pouco; uns instantes mais, e o Fanecas teria explodido farpas de fogo. Não era a primeira vez que o Luisinho saía com o corpo amachucado e dorido, depois de uma troca violenta de palavras. […]
Mas as coisas não podiam ficar assim. O Fanecas estava cansado de ser maltratado e humilhado. Não achava bem a pancadaria; sabia que nada iria resolver, antes pelo contrário, provocaria ainda maior animosidade entre os dois. Mas uma lição o Luisinho tinha de apanhar, e aquele era o grande dia. […]
De regresso a casa, preparava-se para ouvir a avó. Não ia resmungar, pois sabia que não tinha razão. A avó era a única pessoa certa na sua vida. Amava- -a, mas não podia continuar a não fazer nada por ela. Tinha ouvido falar que a CAIS ia abrir um centro com as mais variadas artes. Quem sabe, aí pudesse dar asas ao seu sonho de um dia vir a ser actor ou até realizador de cinema. A decisão de levar as coisas mais a sério estava tomada."
Estava ele ainda alheado e absorto nestes e noutros pensamentos, menos edificantes, quando uma voz, que ele, infelizmente, conhecia muito bem, o traz de volta, à barafunda do mercado.
– O mal cheiroso do Fanecas, por aqui!... – exclamou, em voz alta, o filho do cardiologista, Fernando Vasconcelos, o Doutor Luisinho, como lhe chamava, reverenciosa, a fina flor do bairro.
O ódio e a raiva não transbordaram, por pouco; uns instantes mais, e o Fanecas teria explodido farpas de fogo. Não era a primeira vez que o Luisinho saía com o corpo amachucado e dorido, depois de uma troca violenta de palavras. […]
Mas as coisas não podiam ficar assim. O Fanecas estava cansado de ser maltratado e humilhado. Não achava bem a pancadaria; sabia que nada iria resolver, antes pelo contrário, provocaria ainda maior animosidade entre os dois. Mas uma lição o Luisinho tinha de apanhar, e aquele era o grande dia. […]
De regresso a casa, preparava-se para ouvir a avó. Não ia resmungar, pois sabia que não tinha razão. A avó era a única pessoa certa na sua vida. Amava- -a, mas não podia continuar a não fazer nada por ela. Tinha ouvido falar que a CAIS ia abrir um centro com as mais variadas artes. Quem sabe, aí pudesse dar asas ao seu sonho de um dia vir a ser actor ou até realizador de cinema. A decisão de levar as coisas mais a sério estava tomada."
Gostei do excerto. :)
ResponderEliminarEstás quase a convencer-me a voltar a pegar num livro. Não fosse o Youtube e a vida em geral não me permitir ter paciência para ler... :/
Por falar nisso vou ver uma sér... ler um livro, vou ler um livro!! ;)
Beijinhos com paciência *******************
Beijinho, bfds
ResponderEliminarSempre com descobertas interessantes!
ResponderEliminarAbraço
Gostei deste excerto.
ResponderEliminarAbraço e bom fim-de-semana
Um bom prenúncio!
ResponderEliminarBeijo