quinta-feira, novembro 15, 2018

Post 6888 - Desafio de Escrita 10/10 - Edna


Atirou-se para a linha quando avistou o comboio mas alguém saltou atrás dele e puxou‑o.
Afastou-se sem ver o seu salvador ou agradecer-lhe, esbracejando para afastar os curiosos que não pareciam humanos, mas robôs.
Assim que se viu sozinho, parou para pensar o que fazer a seguir.
Ansiara pela sua própria morte para se ver livre do tumulto que o perseguia.
Agora tinha de planear outra saída, talvez não tão definitiva, mas não via qual, não sabia o que fazer.
Antes tinha sido um homem feliz ou pelo menos era assim que se via no passado, uma infância e adolescência felizes, o casamento com a namorada da escola, um filho já adulto e o divórcio porque ele a e a mulher se tinham distanciado a tal ponto que nem discutiam.
A cessação do seu casamento surgira-lhe como uma libertação que lhe permitiria voltar a viver, fazer tudo o que quisesse sem ter de prestar contas a ninguém, sem ter de pensar no que esperavam dele.
A última vez que estivera com a ex-mulher fora no casamento do filho.
Ambos com novos companheiros, ela com o segundo marido, ele com a namorada da altura, a terceira ou a quarta, desde o divórcio, sentaram-se em mesas diferentes, mal se falaram.
Até que conhecera a Edna.
Acreditara numa feliz coincidência, depois apaixonado, pensara que tinha sido o destino.
A Edna era tudo o que sonhara, se tivesse sonhado alguma vez, jovem, desejável, bem-humorada, sempre disponível e divertida com o que ele dizia.
Amou-a, ou pensou que a amava, partilhou com ela o que tinha.
Acordou um dia sozinho e descobriu que ela lhe levara tudo.
A vergonha por ter sido enganado torturava-o.
A sua vida fora poupada pela intervenção de um estranho, talvez devesse almejar outro caminho.
Antes de morrer, decidiu então, vingar-se-ia.

2 comentários:

  1. Gostei de ler, embora não acredite que a vingança seja solução para alguma coisa.
    Abraço

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  2. Gostei de ler, embora não acredite que a vingança seja solução para alguma coisa.
    Abraço

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