Atirou-se
para a linha quando avistou o comboio mas alguém saltou atrás dele e puxou‑o.
Afastou-se
sem ver o seu salvador ou agradecer-lhe, esbracejando para afastar os curiosos
que não pareciam humanos, mas robôs.
Assim
que se viu sozinho, parou para pensar o que fazer a seguir.
Ansiara
pela sua própria morte para se ver livre do tumulto que o perseguia.
Agora
tinha de planear outra saída, talvez não tão definitiva, mas não via qual, não
sabia o que fazer.
Antes
tinha sido um homem feliz ou pelo menos era assim que se via no passado, uma
infância e adolescência felizes, o casamento com a namorada da escola, um filho
já adulto e o divórcio porque ele a e a mulher se tinham distanciado a tal
ponto que nem discutiam.
A
cessação do seu casamento surgira-lhe como uma libertação que lhe permitiria
voltar a viver, fazer tudo o que quisesse sem ter de prestar contas a ninguém,
sem ter de pensar no que esperavam dele.
A
última vez que estivera com a ex-mulher fora no casamento do filho.
Ambos
com novos companheiros, ela com o segundo marido, ele com a namorada da altura,
a terceira ou a quarta, desde o divórcio, sentaram-se em mesas diferentes, mal
se falaram.
Até
que conhecera a Edna.
Acreditara
numa feliz coincidência, depois apaixonado, pensara que tinha sido o destino.
A
Edna era tudo o que sonhara, se tivesse sonhado alguma vez, jovem, desejável,
bem-humorada, sempre disponível e divertida com o que ele dizia.
Amou-a,
ou pensou que a amava, partilhou com ela o que tinha.
Acordou
um dia sozinho e descobriu que ela lhe levara tudo.
A
vergonha por ter sido enganado torturava-o.
A
sua vida fora poupada pela intervenção de um estranho, talvez devesse almejar
outro caminho.
Antes
de morrer, decidiu então, vingar-se-ia.
Gostei de ler, embora não acredite que a vingança seja solução para alguma coisa.
ResponderEliminarAbraço
Gostei de ler, embora não acredite que a vingança seja solução para alguma coisa.
ResponderEliminarAbraço