Com
o Linkedin poder-se-á procurar trabalho – não sei se alguém já o conseguiu
assim.
Podemos
ser recordados dos aniversários, chamados para as partilhas e encontros – nos
quais podemos colocar “gosto” e “talvez”, do talvez vá, mas depois não vai dar
para ir.
Podemos
concordar com ideias em cartazes como: não deixes para amanhã, aproveita hoje,
quem quer arranja tempo, mas continuarmos sem o fazer.
Podemos
ter amigos que nunca encontrámos, nem vamos encontrar, que falam outras línguas,
vivem em países longínquos e alguns até nos começam a seguir.
Podemos
também partilhar fotografias nossas, tiradas por nós ou de nós mesmos, os
famosos “selfies”, ideias e citações, e contar os “likes”.
Receber
um “like” de alguém famoso e descobrir depois que afinal era um perfil falso.
Entrarmos
na roda de querer impressionar e deixar-nos iludir por quem nos quer
impressionar a nós. Ou perder-nos em discussões sem sentido.
E
sabemos agora também que por exemplo através do facebook ocultas entidades poderão
obter e lucrar com os nossos dados – para tentar influenciar-nos a adquirir ou
a votar ou a pensar.
Em
vez de simples “likes” poderá de lá advir o mal anónimo, cobarde, e gratuito, o
“bullying”. Ou a solidão de descobrir que nenhum dos duzentos, ou dos trezentos
ou dos mil e tal amigos, está disponível quando precisamos de um.
Como
em quase tudo, haverá o bom e o mau, mas se nos permite conhecer, contactar com
algo ou alguém que de outra forma não encontraríamos, só por essa oportunidade,
com discernimento e cuidado, viva as redes sociais!
Queridos
pais o prometido é devido por isso aqui vai a carta que vos disse que
escreveria.
Hoje
foi o meu primeiro dia de aulas na escola primária.
Fui
o primeiro! Já estava lá quando chegaram todos os meninos com os pais.
Alguns
olhavam para mim de frente, a maior parte fazia-o de lado. Não por estarem
intimidados, mas a querer avaliar‑me.
Quase
me senti intimidado eu, mas procurei enfrentar a situação, sorrindo-lhes. Não
obtive muitos sorrisos de volta, mas acolhi como carinho todos os que consegui.
Não
houve choros. Estes meninos vêm da pré-primária ao lado. Têm mantido a turma. O
único de novo ali, era eu. Vinte crianças, doze meninas, oito rapazes. Quando a
porta da sala se fechou – fui eu que a fechei logo a seguir a tocar a campainha
– ficaram calados a olhar para mim.
Por
instantes apenas olhei também para eles.
Depois
e como tinha sido aconselhado resolvi começar com voz e ar severos. Para que
percebam que estão ali para aprender, e para ganhar e manter a autoridade, Mais
tarde podemos brincar porque são ainda tão pequenos.
Incrível
pensar que um dia fui assim. Tive a idade deles, um percurso semelhante.
Infantário, pré-primária, escola primária.
Não
me lembro como foi o meu primeiro dia, pouco recordo da Professora. Lembro o
seu nome, as duas reguadas que me deu, o sabê-la ríspida, mas escapar
normalmente aos seus castigos por ser dos bons alunos, em comportamento e
notas.
Quero
ensinar e inspirar estes meninos. Conseguir que aprendam tudo o que está no
programa e que me vejam como um amigo e professor, o seu primeiro professor.
Se
não me lembro do primeiro dia como aluno, sei que nunca esquecerei este dia
como professor.
Obrigada
pais por terem estado sempre ao meu lado e pelo vosso amor.
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