Ana
não sabia o que a fez ver e apanhar do chão, do meio da rua, aquele bilhete meio
rasgado.
Ia
a atravessar sem ser pela passadeira, mas ciente que o pouco movimento não a
colocava em perigo – só de quando em quando passava algum carro e era quase
sempre alguém perdido, hesitante em velocidade reduzida antes de inverter a
direcção – quando o viu. Teria sido empurrado para ali pelo vento e aprisionado
pelos paralelepípedos até que uma rabanada mais forte dali o levasse ou que com
o tempo se desintegrasse e para sempre desaparecesse.
O
papel era de qualidade, pela espessura e cor, e alguém lá tinha escrito algo,
não impresso, mas manuscrito com uma letra muito bonita:
Minha querida
Não quero nem consigo dizer-te
adeus.
Diz-me se poderei ter alguma
esperança e esperarei por ti.
Se não me responderes, ir-me-ei
embora para sempre.
Nada
mais se percebia, água ou lama tinha diluído a tinta.
Nunca
o Jaime lhe tinha escrito nada manuscrito, tinham apenas trocado sms e emails,
mas não teve dúvidas que o papel era dele. Ele devia ter colocado o bilhete no
seu carro quando se tinham despedido na noite anterior. Imaginou-o a prendê-lo
no pára-brisas. Perturbada como estava, ela não reparara nele e o papel voara
até ficar preso ali. Já hesitava e se arrependia da sua decisão de terminarem,
e aquele gesto tão romântico foi decisivo. Com aquela fachada de indiferença
ele era afinal romântico e sensível.
Ligou-lhe.
Não
ficou tudo resolvido mas conseguiram retomar de onde estavam.
E
viveram mais ou menos felizes por um ano e meio até ela descobrir uma lista que
ele fizera de itens para a oficina.
A
letra não era a mesma.
Chapelada!!!
ResponderEliminarBeijinhos
Obrigada Pedro
Eliminarum beijinho
Lembrei que ontem achei moedas na rua.
ResponderEliminarMas seria legal encontrar algum escrito.
Como sou distraída não costumo encontrar nada Liliane de Paula
Eliminarum beijinho e bom fim-de-semana
Um soco no estômago!!!
ResponderEliminarBeijinhos.
Obrigada Mona Lisa
Eliminarum beijinho
Bom!
ResponderEliminarHenrique o Leãozão
Obrigada Henrique, por leres e por comentares e por estares de regresso à blogosfera
Eliminarum beijinho