quinta-feira, julho 20, 2017

Post 6325 Desafio de escrita 9/10 Sinais

Eu sou (era?) uma rapariga de sinais.
Após vários tristes encontros com príncipes que afinal eram sapos, fui-me apercebendo da sua importância, sobretudo os que surgem no início das relações e ignoramos, para só mais tarde - quando deu para o torto - nos lembramos. Temos de ser radicais e assertivas! Se não dá, não dá!
Então conheci o André. Achei-o giro e pensei que era recíproco.
Dei-lhe o meu número e fiquei convencida que iria ligar-me no dia seguinte.
Não ligou.
Pensei, “talvez estivesse ocupado” - queria enganar-me, não atender ao sinal – “amanhã liga”.
Não ligou.
Decidi: estava arrumado. Iria esquecer-me dele.
Mas uma semana depois quando ligou, lembrava-me.
Talvez fosse verdade e tivesse mesmo perdido o meu número (mas não o tinha registado no telemóvel? Talvez o telemóvel estivesse meio avariado… ).
Marcámos um encontro para aquele dia.
Planeei chegar cinco minutos atrasada. Se ele já lá estivesse, seria um sinal que poderíamos ter uma hipótese. E se me trouxesse flores poderia ser a minha alma gémea, o meu verdadeiro e único amor.
Quando cheguei, três, quase quatro minutos, atrasada, ele não estava.
Talvez tivesse perdido o autocarro, ou talvez se tivesse enganado no caminho. Eu poderia aguardar dez minutos, mas nem mais um!
Esperei meia-hora.
Nada de André. Nem me ligou e o seu telemóvel aparecia como desligado.
Desisti. Insultei-o mentalmente e resolvi ir para casa, passando pela Sorvetaria perto para consolo e recuperação.
Andei um quarteirão e vi um aglomerado de pessoas ao lado de uma ambulância. Faltou-me o chão. Aproximei-me devagar. Ouvi os comentários à minha volta, “coitado do rapaz, parecia tão feliz”, “se não tivesse ido à florista já não apanharia com aquele carro em cima”, “hoje em dia andam todos malucos com a velocidade”.
Não queria que fosse ele, mas era. 

24 comentários:

  1. A vida tem destas coisas. Gosto dos finais abertos. Que nos levam para uma sucessão de possibilidades.
    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também gosto...excepto em alguns casos em que prefiro finais felizes bem explícitos :)
      um beijinho

      Eliminar
  2. Um bom conto. Pobrezinha da moça...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Bem, mais pobrezinho dele...

      obrigada Marizei :)
      um beijinho

      Eliminar
  3. muito bom, estou a gostar cada vez mais da tua escrita :)

    ResponderEliminar
  4. De lamentar a falta de sorte do André!
    Gostei de ler.

    Beijinho imenso querida.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pode ser que ele escape, Adélia :)
      obrigada
      e um beijinho imenso também

      Eliminar
  5. Um conto de certo modo optimista uma vez que ele ia aparecer ao encontro mas depois...correu tudo mal :(((
    Bjs

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E como escrevi em cima Papoila, pode ser que ele escape, espero que sim :)
      obrigada e um beijinho

      Eliminar
  6. És imparável neste tipo de desafios.
    Contaste uma história de um modo que gostei muito, pois a tua narrativa é bem elaborada e bastante apelativa.
    Gábi, um bom fim de semana.
    Beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada Jaime Portela - hoje vou saber a pontuação que obtive com este mini-conto, mas com comentários aqui já fiquei contente :)
      um beijinho, obrigada e uma boa semana

      Eliminar
  7. Que fim infeliz
    Talvez fosse mesmo assim um sapo ,porque durante a primavera para chegar ao lago há muitos sapos ,ao atravessar uma estrada intensa que perderão a vida .
    Abraço
    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Essa comparação com os sapos a atravessar a estrada está bem interessante, Alfacinha...pode ser que o fim não seja infeliz, que ele só tenha ficado um bocadinho ferido e os dois acabem juntos e felizes, ou ele acabe feliz com a enfermeira que irá conhecer no hospital :)

      um beijinho

      Eliminar
  8. O fim é triste, mas mesmo assim gostei. Parabéns

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada Carlos Barbosa de Oliveira
      ... o fim ainda está um bocadinho em aberto e poderá não ser triste (eu gosto sempre de finais felizes)
      um beijinho

      Eliminar
  9. Adorei o conto, pena ter um final triste.
    Tantas vezes nas ausências especulamos e afinal tudo sai ao contrário do que pensamos.

    Beijos Gábi

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O fim ainda pode mudar Manu :)
      muito obrigada e um beijinho

      Eliminar
  10. Muito bom. A antecâmara duma grande história ou de eventuais grandes histórias! Que assim seja, na medida do desejado.

    Excelente resto de fim-de-semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada Victor Barão :)

      uma excelente semana, obrigada e um beijinho

      Eliminar
  11. Respostas
    1. Bem, se ele tiver sobrevivido ao atropelamento pode vir a casar com ela, ou casar com a enfermeira :)

      um beijinho

      Eliminar
  12. Queira Deus, que o André escape!...
    Adorei a construção do texto, Gábi!
    Beijinhos!
    Ana

    ResponderEliminar
  13. Adorei este conto, excelente inspiração e originalidade!
    Um beijinho

    ResponderEliminar