sexta-feira, julho 31, 2015

Post 4978 Morte no Lago dos Cisnes - 2ª tentativa - qual a melhor?

Aquele era o seu dia. Finalmente tinha chegado a primeira bailarina. Enchera o teatro e todos ali presentes tinham vindo para a ver. Anos de trabalho e sacrifício justificados pela glória que sempre ambicionara como sua.
No último passo, quando salta do falso penhasco, sentiu uma pancada no peito. Como, não percebia. Queria falar, mas não conseguiu, o sangue sufocava-a, queria respirar, mas caía numa escuridão fria, e de repente, o nada.
Na plateia ninguém percebeu inicialmente o que se tinha passado.
Cerraram a cortina e irromperam os aplausos.
Outros bailarinos vieram agradecer, mas ela, não. Até que veio o Director explicar que não se tinha sentido bem.
Lentamente, começaram a sair do teatro. Cá fora, os mais céleres, cruzaram-se com a ambulância que chegava, os seguintes, viram o carro de polícia.
Só mais tarde vieram a saber o que se tinha passado. Tatiana Lazlo tinha sido assassinada, em plena actuação, na cena final. Nunca mais iria dançar.
A polícia não conseguiu encontrar a arma, nem qualquer indício que conduzisse ao seu assassino ou ao motivo para o crime.
Apenas uma pessoa sabia a razão porque tinha sido o autor.
Dez anos de ódio, a treinar-se e a planear tudo que decorrera tal como imaginara. Com uma pontaria exímia, posicionou-se num lugar meio escondido por uma coluna e conhecia perfeitamente a coreografia para disparar naquele momento.
Tinha sido fácil sair logo depois, quando o príncipe seguia Odette no salto, antes do ballet terminar com a morte do mago e libertação das jovens mulheres do feitiço da transformação em cisnes.
Há doze anos atrás, quando Tatiana era apenas a promessa do que viria a tornar-se, outra adolescente da mesma idade é que se destacava na Academia: a sua filha Hanna.
Quando ela foi atropelada, não soube logo o que tinha ocorrido. O condutor clamava que ela tinha sido empurrada. Acreditaram numa confusão ou brincadeira infeliz. Nada apuraram por interesse ou negligência.
Estava com a sua filha quando o cirurgião que a operou às pernas lhe disse que nunca mais poderia dançar. Acompanhou-a durante as fases do choque e desespero. Quando pensava que ela estaria a recuperar, encontrou-a no quarto agonizante, depois de ter ingerido veneno para ratos. A sua bela e preciosa filha deixou-lhe uma carta na qual explicava o que tinha sucedido, quem a tinha empurrado, por inveja.
Desde esse dia viveu para a vingança.

Depois, só sentiu o vazio.

2 comentários:

  1. Li o teu conto e gostei, no entanto, parece-me que tens que trabalhar mais o lado psicológico das personagens e escrever de forma não tão racional.

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  2. Obrigada por teres lido e pelo comentário - vou tentar seguir os teus conselhos num próximo texto (neste desafio estou limitada pelo número de palavras, mas mesmo em outros textos acho que sou demasiado sintética)
    um beijinho e obrigada
    Gábi

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