Aquele era o seu dia. Finalmente tinha chegado a primeira bailarina. Enchera o teatro
e todos ali presentes tinham vindo para a ver. Anos de trabalho e sacrifício
justificados pela glória que sempre ambicionara como sua.
No
último passo, quando salta do falso penhasco, sentiu uma pancada no peito.
Como, não percebia. Queria falar, mas não conseguiu, o sangue sufocava-a,
queria respirar, mas caía numa escuridão fria, e de repente, o nada.
Na
plateia ninguém percebeu inicialmente o que se tinha passado.
Cerraram
a cortina e irromperam os aplausos.
Outros
bailarinos vieram agradecer, mas ela, não. Até que veio o Director explicar que
não se tinha sentido bem.
Lentamente,
começaram a sair do teatro. Cá fora, os mais céleres, cruzaram-se com a
ambulância que chegava, os seguintes, viram o carro de polícia.
Só
mais tarde vieram a saber o que se tinha passado. Tatiana Lazlo tinha sido
assassinada, em plena actuação, na cena final. Nunca mais iria dançar.
A
polícia não conseguiu encontrar a arma, nem qualquer indício que conduzisse ao
seu assassino ou ao motivo para o crime.
Apenas
uma pessoa sabia a razão porque tinha sido o autor.
Dez
anos de ódio, a treinar-se e a planear tudo que decorrera tal como imaginara.
Com uma pontaria exímia, posicionou-se num lugar meio escondido por uma coluna e conhecia perfeitamente a coreografia para disparar naquele momento.
Tinha
sido fácil sair logo depois, quando o príncipe seguia Odette no salto, antes do
ballet terminar com a morte do mago e libertação das jovens mulheres do feitiço
da transformação em cisnes.
Há
doze anos atrás, quando Tatiana era apenas a promessa do que viria a tornar-se,
outra adolescente da mesma idade é que se destacava na Academia: a sua filha
Hanna.
Quando
ela foi atropelada, não soube logo o que tinha ocorrido. O condutor clamava que
ela tinha sido empurrada. Acreditaram numa confusão ou brincadeira infeliz.
Nada apuraram por interesse ou negligência.
Estava
com a sua filha quando o cirurgião que a operou às pernas lhe disse que nunca
mais poderia dançar. Acompanhou-a durante as fases do choque e desespero.
Quando pensava que ela estaria a recuperar, encontrou-a no quarto agonizante,
depois de ter ingerido veneno para ratos. A sua bela e preciosa filha
deixou-lhe uma carta na qual explicava o que tinha sucedido, quem a tinha
empurrado, por inveja.
Desde
esse dia viveu para a vingança.
Depois,
só sentiu o vazio.
Li o teu conto e gostei, no entanto, parece-me que tens que trabalhar mais o lado psicológico das personagens e escrever de forma não tão racional.
ResponderEliminarObrigada por teres lido e pelo comentário - vou tentar seguir os teus conselhos num próximo texto (neste desafio estou limitada pelo número de palavras, mas mesmo em outros textos acho que sou demasiado sintética)
ResponderEliminarum beijinho e obrigada
Gábi