sábado, setembro 29, 2007

Giueseppe Ungaretti - Deslumbro-me/de imenso

Há tempo que um poema que ouvi a um amigo me lembrava e me esquecia. Achei uma coincidência engraçada que reencontrando hoje o meu amigo, estivesse ele a criar um quadro no qual surgem esses versos.
É de Giuseppe Ungaretti, o poema chama-se Manhã e tem apenas dois versos:
"Deslumbro-me/ de imenso"
ou Mattina “M’illumino d’immenso”.
Ungaretti nasceu no Egipto (ou em Alexandria, segundo outra fonte) em 1888, e veio a falecer em Milão em 1970. Lutou na Primeira Guerra Mundial e viveu no Brasil entre 1937 e 1942, tendo leccionado na USP. Foi um dos autores da poesia hermética e escreveu entre outros os seguinte livros: «Allegria do Naufrágio» (1919), «Sentimento do Tempo»(1933, com uma edição em Portugal da Dom Quixote em1971, com tradução de Orlando Carvalho) e«A Dor» (1947).
Fui procurar ao Google mais sobre o poeta e encontrei no blog Poeta Salutor, mais exactamente aqui o que procurava.
Nestes dois versos: "Deslumbro-me/ de imenso", o poeta "dos mínimos nadas e dos grandes segredos" que procurava o despojamento e o segredo do eterno, pronuncia uma lição, um manifesto.
Outros versos que se encontram na morada indicada supra:
Tra un fiore colto e l’altro donato/ l’inesprimibile nulla ( “Entre uma flor colhida e outra dada / o inexprimível nada” )
Versos finais de um poema sobre o Natal: “Estou / com as quatro / cabriolas / de fumo / do velho lar”.
Versos sobre a capacidade que o mar tem de nos seduzir: “Com o mar / tenho feito para mim / um ataúde / de frescura.”
Escreveu que “ já não escutaremos a poesia; poderemos apalpá-la, olhá-la.”
"SOU UMA CRIATURAComo esta pedra/de S.Miguel/assim fria/assim dura/assim enxuta/tão ausente/tão inteiramente/desalentada/Como esta pedra/é o meu pranto/que não se vê/A morte/abate-se/vivendo."
(Tradução: J.T.Parreira)
Noutro endereço também no Google encontrei mais versos:
NÃO GRITEIS MAIS
Cessai de matar os mortos não griteis mais, não griteis se os quereis ainda ouvir, se esperais não perecer. Seu o imperceptível sussurro, não fazem mais rumor que o crescer da erva, feliz onde não passa o homem.
PORTO SEPULTO
Aí chega o poeta e depois volta à luz com seus cantos e os dispersa. Desta poesia resta-me um nada de inexaurível segredo
CASA/Surpresa/após tanto/deste amor/Supunha tê-lo espalhado/pelo mundo
SEPARAÇÃO/Vede: eis-me um homem/uniforme/Vede: eis uma alma/deserta/um espelho impassível/Sucede-me acordar/e recompor-me/e possuir/O raro bem que me nasce/que devagar me nasce/E quando já durou/como insensivelmente morreu
(Tradução de Orlando Carvalho in «Sentimento do Tempo», Dom Quixote, 1971).
Ah é verdade, fui fraca, fiquei a dormir e não fui para a caminhada...Quiçá, um outro dia serei mais corajosa...

3 comentários:

  1. Olá!
    Foi bom passar por aqui e sabar algo mais sobre poesia!
    Bjs

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  2. Olá

    A Ki passou-se de vez!
    Vai aqui : http://www.catacumbas.blogs.sapo.pt.
    e vê o que ela fez!

    depois volto para falarmos dessa caminhada!!!

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  3. Obrigada pela passagem e pelo comentário A.J.Faria
    um beijinho :)

    Olá Gata, vou já a seguir...:)

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