Anjo da guarda
A minha mãe ensinou-nos como uma
ladainha:
“Anjo da guarda
Minha companhia
Guardai minha alma
De noite e de dia”
Enquanto crescia pensei alguma
vezes nele, se existiria, como seria.
Acho que nunca o vi ou ouvi, mas
espero que exista.
Eramos colegas e já nos conhecíamos
há algum tempo quando o Pedro me contou o episódio sobre o qual vou tentar
escrever. Notava-se que não estava muito à vontade, mas tendo começado a falar
não se queria interromper e eu fiquei curiosa.
Confiou-me que era algo que
normalmente guardava para si por não querer que o achassem maluco ou que andava
a inventar.
Perguntei-lhe depois se poderia relatá-lo aqui
e, com a sua permissão e tendo alterado o seu nome, é que decidi fazê-lo.
Isto sucedeu há muitos anos, quando
ele estava a terminar o liceu e não sabia ainda se ia concorrer a um curso ou
procurar emprego.
Nesse dia estava meio constipado e
com a anuência dos pais que o sabiam responsável, decidira ficar em casa.
Tinha poucas faltas naquele período
e apenas duas horas de aulas de manhã. À partida, não faria grande diferença se
não fosse.
Os pais saíram para o trabalho,
levando o irmão mais novo e ele ficou na cama.
Estava já meio adormecido quando
sentiu um encontrão nas costas e ouviu
“vai para a escola!” logo seguido
de:
“ainda não é a tua hora”.
O susto sobretudo com o empurrão
fê-lo despertar e até se levantou, Não reconheceu a voz e em casa não estava
mais ninguém. Não poderia ser uma
partida do irmão e tudo parecia normal e calmo.
Convenceu-se que sonhara e voltou
para a cama.
Quando já de novo adormecia, novo
empurrão, desta vez tão forte que o fez mesmo cair ao chão. Não se magoou e
levantou-se de um salto. Desta vez não escutou nenhuma voz.
Pensou se poderia ser um tremor de
terra, mas nada na casa caíra, além dele.
A cama já não lhe parecia tão
apetecível, a casa parecia-lhe de repente demasiado parada e silenciosa.
Resolveu que ia mesmo para a escola e fê-lo.
Por lá tudo normal e quase se
esqueceu do que sucedera até ao intervalo.
Estavam todos os do seu ano cá fora
em grupos a matar o tempo, quando o chão voltou a tremer e se ouviu uma
explosão. A sua casa ficava perto da escola e o barulho vinha dessa direção.
Pressentiu que seria lá e correu
para o que restava do que fora o seu lar. Um enorme buraco esventrara a
habitação. Uma bilha de gás na cozinha que ficava mesmo por debaixo do seu
quarto explodira. Só bens materiais, mas se tivesse ficado em casa, se ainda
estivesse na cama como tencionara fazer, teria sido atingido.
Nunca mais voltou a ouvir aquela
voz ou a passar por algo semelhante, mas naquele dia, terá talvez escutado a
voz do seu anjo da guarda.
Regulamento
Coletânea de poemas e contos 2025
1. O prazo de inscrição para participação na coletânea ANJOS DA PROSA E DA POESIA IV e envio de textos decorre até 25 de maio de 2025.
2. Os textos devem ser enviados em suporte informático (tipo word) e remetidos para editora@lugardapalavra.pt
3. Serão admitidos textos do género lírico (poemas), narrativo (contos) ou ensaio (memórias, cartas, reflexões, etc) que tenham como tema “Anjos”, no seu sentido real ou metafórico ou os valores a eles associados.
4. Cada autor poderá participar com um ou vários textos, que pode(m) ocupar até um máximo de três páginas, sendo que cada página corresponde a um conjunto de 1700 caracteres (incluindo espaços) para os contos e textos de ensaio (um total de 5100 caracteres, com espaços incluídos), ou 90 linhas de verso (incluindo espaços de transição de estrofe e eventuais versos demasiadamente longos).
5. A ordem de publicação obedecerá a um critério a definir, posteriormente, pela organização.
6. Os autores podem utilizar pseudónimo, embora sejam obrigados a identificar-se e o seu nome a ser incluído na breve biografia a constar do livro.
7. Os autores devem enviar uma curta nota biográfica, que será publicada, com um máximo de 400 caracteres, incluindo espaços.
8. No caso de a organização entender que o número de participantes não é suficiente para a edição do livro, os textos serão publicados on.line no site da editora Lugar da Palav
9. A obra estará disponível em vários pontos de venda, com um preço de venda ao público (PVP) a definir em função do número de páginas, sendo certo que os autores beneficiarão de vantagens na sua aquisição diretamente à Lugar da Palavra Editora. Os autores selecionados obrigam-se a adquirir pelo menos um exemplar da obra.
10. Todos os textos serão alvo de revisão, com vista a apresentar um trabalho da maior qualidade possível, comprometendo-se, obviamente, a organização a nunca desvirtuar o original do autor.
11. Os participantes disponibilizam os seus textos exclusivamente para a presente publicação, sendo-lhes, obviamente reconhecido o seu direito de autor (pelo qual assumem essa responsabilidade), mas não serão pagos quaisquer direitos patrimoniais. Ou seja: o participante envia textos da sua autoria (se já publicados, com a respetiva autorização competente) e cede-os exclusivamente para o fim em questão, não resultando da sua publicação a obrigação da editora de pagamentos de direitos patrimoniais ao autor.
Texto muito interessante!
ResponderEliminarDevia ter sido algum familiar, já falecido, que velava pela sua segurança!
Abraço
Sempre inspirada e com uma imaginação fértil.
ResponderEliminarBeijinho
Um beijinho, Gábi.
ResponderEliminarEu sei, sinto, que é nestas alturas especiais que sentes mais a falta da tua Mãe.
O texto está um primor. A Oração do Anjo da Guarda, também a aprendi na infância.
Grande abraço.