Antigamente teria sido um edifício imponente. O velho
Silo alojara lojas no rés-do-chão e os vários andares serviam de parque.
Com o tempo fecharam as lojas e anunciava-se a sua
demolição.
Eram poucos os que ali vinham e praticamente todos
evitavam o velho elevador preferindo as escadas. Tinham havido um ou dois
acidentes com aquele e desaparecimentos inexplicáveis.
Seria o seu ar desarranjado ou a sombra desses boatos
que o deixavam parado, mas ele tinha fome e aguardava que algum solitário o
chamasse.
Numa tarde de chuva um casal de idade levou para ali o
carro. O senhor andava devagar agarrado à sua dignidade, a senhora recorria já
a uma bengala. Seria para eles difícil ir pelas escadas e chamaram o elevador.
Ruidosamente subiu da cave até eles, abriu a porta e deixou-os entrar.
Ouviu-se então um “segurem o elevador” e a senhora com
a bengala impediu a porta de fechar, para que entrasse um casal jovem de dois
rapazes enamorados. Juntos desafiavam o mundo felizes na sua paixão recente.
Queria o elevador devorar os primeiros convencido que
nenhuma falta faziam, mas um acidente que envolvesse também o novo par, podia
até precipitar a destruição do prédio. Hesitou e parou com um estremecimento entre
dois andares.
Querem ver que isto parou? Comentou um dos rapazes,
enquanto pressionava o botão de alarme, sem que alguma resposta obtivesse.
O outro sofria de claustrofobia. A senhora
apercebendo-se, agarrou na mão dele e disse-lhe com uma voz doce: serão só uns
minutos de certeza.
O marido puxou do telemóvel para pedir ajuda e para
que se acalmassem resolveu contar como sobrevivera a um quase acidente de
avião.
A história não fazia sentido e prolongou-se mais de
uma hora até que mesmo o elevador se entediou.
Vagarosamente levou-os ao rés-do chão e deixou-os sair
ilesos.
Um elevador fatigado.
ResponderEliminarPrecisa de repouso.
Beijinho
Que belo conto que gostei muito.
ResponderEliminarBeijos e um bom feriado!
Não gosto de elevadores mas gostei do conto!
ResponderEliminarAbraço