Namoravam há três anos e Romeu não tinha qualquer
dúvida que era com Eva que queria passar o resto da sua vida, mas para ele
estava tudo bem como estava. Moravam juntos, mas podia escapulir-se a chatices
e jantares com a família dela e ir ficar antes com os seus amigos. Afinal, não eram
casados.
Já Eva sonhava com a festa, e queria ter filhos, mas
depois de casada.
Todavia, não queria ser ela a declarar-se. Queria o
quadro completo, em que ele até dobrasse um joelho e lhe oferecesse um anel.
Se lhe mostrava fotografias de vestidos ou cerimónias
ele parecia nem as ver. Tinham ido a dois ou três casamentos de amigos comuns e
ele saíra-se com piadinhas sem graça sobre os enforcados.
Eva preparou então um plano infalível. Para lhe causar
ciúmes, inventou um colega do trabalho, o João. Face ao desinteresse de Romeu,
foi exagerando nas qualidades e no interesse que aquele lhe votava, até que a
certa altura conseguiu que desconfiasse de alguma coisa. Quando aguardava que a
insegurança o conduzisse finalmente ao acto mais esperado, Romeu disse-lhe que
queria conhecer o João.
Foi preciso arranjar um João. Felizmente a empresa
onde estava era bem grande e trabalhava lá o primo do cunhado de uma amiga que
por coincidência se chamava mesmo João.
Tiveram de encontrar-se algumas vezes para que o
preparasse sobre tudo de maravilhoso que o João tinha dito e feito. Ele foi
super simpático e disponível, aderindo ao que ela lhe pediu.
Chegou finalmente o dia para o apresentar ao Romeu.
Este foi muito desagradável para com o João. Eva
sentiu-se envergonhada. Não gostou dos ares de posse que Romeu então lhe
demonstrou.
Dias depois, convidou-a para um jantar especial. Adivinhou que ele se ia declarar, mas antes fugiu com o João.
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