Perfilavam-se orgulhosos cientes da sua importância.
Logo seriam escolhidos.
Tinha só uma pequena ideia do que o esperava.
Rumores e boatos seriam mais de mil, mas fosse como fosse,
estaria à altura dos acontecimentos.
Chegara ali com alguns dos seus colegas num transporte
fechado.
Quando dera por si, vira-se num espaço pouco iluminado e
barulhento, rodeado pelo cheiro delicioso a pipocas. Sabia que iria acolhê-las,
com sal ou açúcar e seria ele a levá-las depois. Viu tal suceder com os
primeiros da fila. Bípedes chegavam até, lá esperavam em linha, recebiam os
primeiros das filas, com diversos tamanhos, já a envolverem as pipocas e
seguiam em direção ao mundo.
Ao chegar a sua vez, viu-se qualificado como pequeno (de
certeza que não pensava assim de si próprio, ao ver-se como único e tão
especial como todos ou outros) logo o esqueceu ao ver-se preenchido pelas
pipocas doces. Sentia o seu calor morno e o cheiro do açúcar. Firmemente
agarrado por quem o escolhera para transportar as pipocas, percebeu que afinal
seguiam para outra sala mais escura, que pouco a pouco se enchia de bípedes iguais
a ele, talvez sacerdotes, que de forma organizada se foram sentando, todos
voltados para o altar.
Cedo este incendiou-se. Seria talvez uma janela para o
mundo? Cores intensas sucederam-se, acompanhadas de sons diferenciados, às
vezes ensurdecedores. Alguns dos bípedes riam, outros proferiam expressões de
espanto ou adoração. Enquanto isso o seu bípede começou a devorar as pipocas.
Quando não restava mais nenhuma, o altar apagou-se. Desfeita
a ordem todos se precipitavam para a saída.
Foi então que, horror dos horrores, o bípede que o trouxera
ali, o dobrou e amachucou e o lançou para um balde escuro.
Terminaria ali a sua vida se não fosse salvo pela reciclagem…
Triste sina de um saco de pipocas :)))
ResponderEliminarBestial!
Beijinho