quinta-feira, março 07, 2024

CNEC 67/39 - 8/10

 

De manhã o pai disse:

- Vamos à praia!

Tivera uma pequenina esperança que no fim-de-semana a pudessem deixar tranquila no seu canto.

Havia sol, mas estava ainda fresco e podia levantar-se a nortada. Se assim fosse, não poderiam estar lá muito tempo. Ao menos isso.

Na cozinha a mãe preparava parte da merenda, sumo de laranja e sandes de paio. Jaime, o mais novo de sete anos que detestava a escola e era sempre difícil arrancar da cama, saltou como se tivesse uma mola. Rique dois anos mais velho também aderiu ao plano. Só ela pelos vistos preferiria ficar em casa. Se ao menos se esquecessem dela.

Tralhas enfiadas no carro, o Rique fez questão de a ir buscar e de que no carro ficasse entre ele e o Jaime.

O pai, no lugar do condutor, olhou para eles do espelho retrovisor para confirmar que estavam todos e ligou o motor.

Apanharam filas de trânsito e calor, mas nada de vento e conseguiram um bom lugar no estacionamento. Jaime e Rique empurraram-na praia abaixo, enquanto os pais traziam as toalhas, guarda-sol e merenda.

Os miúdos quiseram ir molhar os pés, o pai foi com eles, e esqueceram-se dela na areia, ao lado da mãe que ficou a estender as toalhas.

Talvez pudesse dormitar um pouco debaixo do sol.

Foi então que ouviu ladrar e cada vez mais perto. Um monstro peludo veio até ela e, horror dos horrores, mordeu-a!

“Ai quem me salva, estou perdida”

Veio a mãe em seu socorro:

- Cão mau, larga a bola! E ele largou-a.

Estava meio rebentada, mas iam concertá-la disse o pai.

Talvez não fosse tão mau andar a correr antes com os miúdos, mesmo que a pontapeassem, pelo menos não a mordiam.

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