Não lhe pagaram. Como era possível? E até se riam
dele. A indignação nem o deixava falar.
Lembrou os últimos dias para se tentar acalmar.
Estava rodeado de idiotas, incapazes de reconhecer o
talento.
Se Beethoven ali caísse, seriam bem capazes de o mandar
dar uma volta, rejeitá-lo-iam por não compor com o ritmo da moda, não ter a
imagem de um ídolo.
Idiotas, surdos e cegos para o verdadeiro talento,
procuravam cópias das estrelas do momento, completamente incapazes de
reconhecer o génio, o original e único, mesmo que lhes mordesse o traseiro.
Arquitetou então um plano que acreditara ser sem
falhas.
Queria tanto vingar-se que durante anos e anos estudou
tons inaudíveis para os homens – humanos adultos - e o seu efeito em animais
dito irracionais, especialmente ratos.
Os seus estudos foram coroados de êxito e logo pô-los
em prática.
Conseguiu atrai-los, aos ratos, mais e mais, chegavam
de todos os lados. Invadiram a cidade, tudo roíam, comida, móveis, roupas, o
que apanhassem pela frente e nada lhes escapava. Já a eles ninguém os apanhava,
corriam entre móveis, infiltravam-se pelas paredes e soalhos.
Momentos felizes esses, mas escondeu a sua satisfação
quando foi ter com os governantes desesperados.
Apresentou-se então como salvador.
O seu talento como flautista seria finalmente
reconhecido porque iria livrá-los dos ratos.
Acordado um valor, atraiu todos e todos os ratos para
o rio.
E agora não honravam o prometido! Pior, riam-se dele,
porque nenhum rato morto viram.
Tanta raiva deles sentia que lhe parecia que ia
explodir.
Foi então que lhe ocorreu se a magia da flauta poderia
também funcionar com… crianças.
Até o flautista de Hamlin foi vítima de calote!! :)
ResponderEliminarBeijinho
Você continua instigante e surpreendente em seus contos!!! Beijos.Sônia.
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