quarta-feira, fevereiro 14, 2024

CNEC 67/39 - 5/10

 

Não lhe pagaram. Como era possível? E até se riam dele. A indignação nem o deixava falar.

 

Lembrou os últimos dias para se tentar acalmar.

Estava rodeado de idiotas, incapazes de reconhecer o talento.

Se Beethoven ali caísse, seriam bem capazes de o mandar dar uma volta, rejeitá-lo-iam por não compor com o ritmo da moda, não ter a imagem de um ídolo.

Idiotas, surdos e cegos para o verdadeiro talento, procuravam cópias das estrelas do momento, completamente incapazes de reconhecer o génio, o original e único, mesmo que lhes mordesse o traseiro.

Arquitetou então um plano que acreditara ser sem falhas.

Queria tanto vingar-se que durante anos e anos estudou tons inaudíveis para os homens – humanos adultos - e o seu efeito em animais dito irracionais, especialmente ratos.

Os seus estudos foram coroados de êxito e logo pô-los em prática.

Conseguiu atrai-los, aos ratos, mais e mais, chegavam de todos os lados. Invadiram a cidade, tudo roíam, comida, móveis, roupas, o que apanhassem pela frente e nada lhes escapava. Já a eles ninguém os apanhava, corriam entre móveis, infiltravam-se pelas paredes e soalhos.

Momentos felizes esses, mas escondeu a sua satisfação quando foi ter com os governantes desesperados.

Apresentou-se então como salvador.

O seu talento como flautista seria finalmente reconhecido porque iria livrá-los dos ratos.

Acordado um valor, atraiu todos e todos os ratos para o rio.

 

E agora não honravam o prometido! Pior, riam-se dele, porque nenhum rato morto viram.

Tanta raiva deles sentia que lhe parecia que ia explodir.

 

Foi então que lhe ocorreu se a magia da flauta poderia também funcionar com… crianças.

2 comentários:

  1. Até o flautista de Hamlin foi vítima de calote!! :)
    Beijinho

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  2. httms://sonia.blogspot.comfevereiro 15, 2024 3:04 da tarde

    Você continua instigante e surpreendente em seus contos!!! Beijos.Sônia.

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