O dia
anunciava-se cinzento e pesado, em vez de branco e leve.
Mais de mil
candidaturas que reduzi a três. Eliminei os que me pareceram pouco sérios ou
desesperados. Os três que restavam eram humanos. Apesar de ser uma rena e não
querer discriminar os meus pares não conseguia ver os meus colegas ou qualquer
outro na função do Pai Natal.
Disse para
mim mesmo, Rudolfo, enquanto recrutador de recursos humanos, tens pela frente,
uma tarefa quase impossível, encontrar um substituto para o insubstituível Pai
Natal. Mas porque decidiu demitir-se? E tão em cima do Natal…
Escolhi
homens gordinhos, para o idoso, com cabelos brancos e barbas compridas.
Entrei na
sala onde me esperavam. Não pareceram surpreendidos por me verem, nota positiva
para eles, até perceber que não viam era muito bem.
O primeiro
tinha enviado uma fotografia antiga, já não tinha barba, cabelo ou barriga.
Rejuvenescera, explicou ter feito também uma cirurgia para os problemas de
calvície e novo cabelo ia crescer. Sem nada lhe ter perguntado
anunciou pretender reinterpretar o Pai Natal aparecendo como alguém comum,
máscara de meia na cara, e sem brinquedos. Despachei-o logo. Desconfio que ele
pretenderia era assaltar as casas.
Pedi ao
segundo para entrar. Parecia estar tudo bem com ele. Estava disponível na Noite
de Natal porque se divorciara, os filhos estavam crescidos, já não acreditavam,
tinham emigrado para a França e Alemanha, com grandes empregos e carros, só
regressavam no Verão. Pedi-lhe para repetir o Oh Oh Oh. Fê-lo de forma tão
desanimada que tive de o rejeitar.
Entrou o
último. Apercebi-me que era um urso disfarçado. Respondeu estar disponível,
conseguiu um Oh Oh Oh mais animado embora ligeiramente assustador.
Fiquei
com o seu contacto para apresentar a sua candidatura ao Director Geral, Pai
Natal, enquanto não se demite, ele que decida…
Alguma demissão recente como fonte de inspiração??
ResponderEliminarBeijinho
Muito a propósito!
ResponderEliminarAbraço