quarta-feira, novembro 08, 2023

CNEC 66/38 - 8/10

 

O dia anunciava-se cinzento e pesado, em vez de branco e leve.

Mais de mil candidaturas que reduzi a três. Eliminei os que me pareceram pouco sérios ou desesperados. Os três que restavam eram humanos. Apesar de ser uma rena e não querer discriminar os meus pares não conseguia ver os meus colegas ou qualquer outro na função do Pai Natal.

Disse para mim mesmo, Rudolfo, enquanto recrutador de recursos humanos, tens pela frente, uma tarefa quase impossível, encontrar um substituto para o insubstituível Pai Natal. Mas porque decidiu demitir-se? E tão em cima do Natal…

Escolhi homens gordinhos, para o idoso, com cabelos brancos e barbas compridas.

Entrei na sala onde me esperavam. Não pareceram surpreendidos por me verem, nota positiva para eles, até perceber que não viam era muito bem.

O primeiro tinha enviado uma fotografia antiga, já não tinha barba, cabelo ou barriga. Rejuvenescera, explicou ter feito também uma cirurgia para os problemas de calvície e novo cabelo ia crescer.  Sem nada lhe ter perguntado anunciou pretender reinterpretar o Pai Natal aparecendo como alguém comum, máscara de meia na cara, e sem brinquedos. Despachei-o logo. Desconfio que ele pretenderia era assaltar as casas.

Pedi ao segundo para entrar. Parecia estar tudo bem com ele. Estava disponível na Noite de Natal porque se divorciara, os filhos estavam crescidos, já não acreditavam, tinham emigrado para a França e Alemanha, com grandes empregos e carros, só regressavam no Verão. Pedi-lhe para repetir o Oh Oh Oh. Fê-lo de forma tão desanimada que tive de o rejeitar.

Entrou o último. Apercebi-me que era um urso disfarçado. Respondeu estar disponível, conseguiu um Oh Oh Oh mais animado embora ligeiramente assustador.

 Fiquei com o seu contacto para apresentar a sua candidatura ao Director Geral, Pai Natal, enquanto não se demite, ele que decida…

 

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