quarta-feira, novembro 01, 2023

CNEC 66/38 - 7/10

  

A Catarina estava desactualizada ou então odeia-nos. Disse-nos para virar à direita onde havia um precipício e depois amuou, repetindo “quando puder inverta a marcha”. Não desistia de nos matar e tivemos de a desligar.

Tentei entender-me com um mapa antigo, ia dizendo ao Max, vira à direita, vira à esquerda, até que a certa altura ele parou o carro para examinar o mapa. Estava ao contrário e não era sequer daquela região.

Estávamos perdidos há horas e escurecia.

À nossa volta, da estrada estreita, só via árvores e arbustos e pareceu-me ouvir ao longe uivos de lobos esfomeados.

Max também parecia tê-los ouvido quando em voz bem baixa me disse, olha vamos em frente.

Só que também o carro estava contra nós. Max virou a chave várias vezes, mas o motor não pegou.

Ele manteve-se paciente:

- Experimentemos aquele caminho a ver se nos leva a algum lado.

Guardei para mim o receio de nos poderia levar aos lobos e segui-o.

Pouco tínhamos andado quando começámos a ouvir música popular.

Vinha de uma cabana de madeira que parecia meio abandonada.

À medida que nos aproximávamos avistámos também vultos de figuras que dançavam.

Pela música devia ser uma festa popular num lugar estranho. Mas o popular seria uma festa de bruxas pelos disfarces com que estavam, de feiticeiros, vampiros e lobisomens.

Rodearam-nos para dar-nos as boas-vindas. No entanto, senti que estavam demasiado perto. Puxei da cruz que comprei no Vaticano (da vez em que não me deixaram entrar no Museu porque o meu vestido deixava os joelhos à mostra) e eles recuaram. Agarrei na mão do Max e fugimos dali para fora.  

Conseguimos encontrar o carro e com a cruz firmemente segura na mão direita, o motor pegou. Fugimos dali e nunca mais fomos passear para aqueles lados.

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