quinta-feira, outubro 12, 2023

CNEC 68/36 - 4/10

 

Para e arranca, para e arranca, travo ou tento aguentar o ponto-morto.

Antes pouco tempo tinha, cada vez mais, pouco tempo tenho.

Plot-plot, este barulho do motor não é comum. Parece meio engasgado.

Vejo sair fumo negro atrás, fumo branco à frente.

O que é que eu faço?

Carrinho vai abaixo, cansado de tantos para e arranca.

Buzinam atrás.

Não sei se é sorte ou azar estar o trânsito tão parado.

Ouso sair do carro com o ar mais desgraçado do mundo.

Vejo rostos fechados, sol e calor.

E se se incendeia ou explode?

Melhor estar parado, e já não sai fumo.

Carros atrás manobram para ultrapassar pelo lado, são por sua vez buzinados pelos da fila em que se enfiam. Mais eis que então surge o bom samaritano.

Vinha atrás, apercebeu-se, parou o carro dele para a berma.

- Quer ajuda amigo?

Quero sim, quero sim. Digo:

- O que podemos fazer?

Incluo-o na minha devastação.

- Vamos empurra-lo para a berma. Coloque-o em ponto morto.

Bom samaritano é forte e carro é pequeno, conseguimos os dois levá-lo para a berma.

Por momentos ficamos a ver os outros carros a passarem.

Daqui o trânsito já não parece tão lento.

Ligo para Mediador de Seguros, depois para a Seguradora, a seguir para quem me esperava, e aguardo o Reboque.

Sexta-feira ao final da tarde, na auto-estrada Porto/Lisboa, vai demorar.

Antes pouco tempo tinha, agora que já não contam comigo, todo tempo tenho.

Bom samaritano espera comigo. Ganho talvez um amigo.

 

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