Os olhos bondosos não amenizavam as suas palavras.
Ele dissera-lhe para se sentar e foi buscar a sua
ficha. Reparou como os óculos redondos lhe escorregavam pelo nariz enquanto
lia. Tinha o aspecto de um avô bondoso e barrigudo, cuja barriga imponente
impedia-o de abotoar a bata branca.
Imaginou-o a tentar fazê-lo e os botões a saltarem em
alta velocidade projectados para todos os lados do pequeno consultório.
- E o que faço agora doutor?
- Cíntia pode tratar-me pelo meu nome, Rafael.
- O que faço agora Doutor Rafael?
Ele teve um sorriso triste quando lhe ouviu o Doutor.
- Não há nada a fazer.
Nada a preparara para que estava a ouvir. Estava a
melhorar. Sabia que sim. Sabia-o até chegar ali naquela tarde. Aparecera-lhe um
médico diferente, mais simpático que aquele que habitualmente a atendia. O seu
médico, o Dr. Alves andava sempre atrasado e com pressa, fora um pouco bruto a
confrontá-la com o diagnóstico e a traçar-lhe um plano que ela seguira
escrupulosamente.
Queria de volta o momento anterior e o Dr. Alves, com
os seus modos rudes e apressados.
Enquanto tudo lhe passava pela cabeça, o Dr. Rafael
levantara-se da secretária e viera colocar uma mão quente e sapuda sobre o seu
ombro direito:
- Então força!
Só queria sair dali para fora e respirar ar puro lá
fora. Levantou-se e ia abrir a porta quando esta se abriu e lhe apareceu o Dr.
Alves. Atrás dele dois enfermeiros que se dirigiram ao Dr. Rafael e o imobilizaram.
- Rafael o que andaste a armar desta vez? Disse o Dr.
Alves, ordenando depois aos dois Enfermeiros, “levem-no.”
De repente já não lhe parecia um médico ou um avô
bondoso, mas um miúdo apanhado em falta.
Ela sentou-se de novo, permitindo-se o regresso da
esperança.
Olá mina querida, passei para dizer que deixei uma noticia no meu blog.
ResponderEliminarum beijinho
Adélia
SURPRISE!!! :))
ResponderEliminarBeijinho, bfds