A verdade é que não levara
a sério as suas queixas. De vez em quando ainda ensaiava uma ajuda, levava a
louça do jantar para a cozinha, chegou a lavá-la uma ou duas vezes.
Agora aquela conversa de
dividirem as tarefas é que não parecia ter sentido. Em casa dos pais dele nunca
tal sucedera e a sua mãe sempre parecera feliz em servir ao pai e também a ele.
Via-a satisfeita a trazer-lhe a comida à mesa e a vê-lo comer, comentava sempre
como ele estava magrinho (apesar da barriguinha que lhe ia crescendo) e que “a Celina às tantas nem sabe cozinhar, não
como ela, afinal trabalhar fora não lhe deve deixar tempo para tratar da casa e
do marido. Sem dizer nada, ele concordava. Parecia-lhe algumas vezes que
ela ligava mais ao trabalho do que a ele e nada se comparava à comida da sua
mãe.
O tempo ia passando e até
a via cansada, mas a culpa devia ser do emprego. Quando ela foi promovida,
deu-lhe os Parabéns, mas ficou preocupado. Preocupado com ela, claro. Um cargo
superior, maior responsabilidade, sem dúvida mais exigente também. A certa altura
resolveu falar com ela se não teria sido melhor recusar. Escolheu talvez uma má
altura porque ela tinha vindo com a velha conversa de dividirem as tarefas.
Percebeu que ela ficava aborrecida, mas não estava à espera do que veio depois.
Segunda-feira chegou a
casa ao final do dia e estava tudo silencioso, nem luzes e nem comida. Viu
então a carta e era de despedida.
Mal podendo acreditar, tentou
viver sem ela o resto da semana. Mais do que pelo trabalho, sentiu terrivelmente
a sua falta.
Aí mudou. Primeiro
esforçou-se para a convencer a regressar e depois provou-lhe que a divisão de
tarefas era para ficar!
Começa a divisão de tarefas lá em casa porque a empregada vai de férias no final da semana.
ResponderEliminarBeijinho
Para grandes males, grandes remédios.
ResponderEliminarAbraço e saúde