Numa pequena cidade onde
a tristeza espreitava nas sombras vivia um jovem sonhador chamado Gabriel.
No ocaso de uma tarde
cinzenta, o destino entrelaçou-se à sua mente inquieta.
Pela janela viu um avião
de papel. que frágil e delicado, voava ao sabor dos ventos, num voo solitário e
desamparado.
Deslizava pelos céus, em
bailado lânguido, um sonho de liberdade, leve como o ar, mas preso a limitações
incapazes de voar.
Poderia ser uma metáfora
de vida. Tinha nascido para enfrentar tempestades e feridas. Suas asas, feitas
de dobras cuidadoras não sabiam que o destino guardava momentos dolorosos.
Em meio às nuvens
escuras, solitário vagava. A cada turbulência, mais desesperançado ficava. O
mundo lá em baixo parecia distante, enquanto lutava contra a corrente.
A cada rasgo em suas
asas, uma ferida, sua estrutura enfraquecida, desvanecia, suas dobras, outrora
perfeitas, meio desfeitas estavam. Como um coração partido em pedaços se
encontravam.
Mas então algo inesperado
aconteceu. Enquanto deslizava pelo ar, sobrevoando a rua, foi atraído pela
curiosidade de uma criança. Com olhos brilhantes ela estendeu a mão para o
agarrar, sem notar que estava prestes a cruzar a rua movimentada.
Nesse exacto momento um
carro acelerava.
Do alto do seu prédio
Gabriel assistia paralisado. cada segunda parecia uma eternidade. Nada podia
fazer. De onde estava, mesmo que gritasse não o iriam escutar.
Foi então que num acto de
puro instinto e rapidez, um adulto, talvez o pai, puxou a criança para trás.
O aviãozinho não teve a
mesma sorte foi apanhado, desfeito e desmanchado em pedaços.
Em vez de um brinquedo inocente,
quase se transformara num símbolo de tragédia e perda, lembrete do
quão frágil e imprevisível pode ser a existência humana, mas também de que, às
vezes, um pequeno ato pode fazer toda a diferença e evitar uma tragédia
iminente.
Gosto imenso dos teus textos e este está fantástico.
ResponderEliminarBeijocas e um bom dia
Obrigada Fatyly, beijinhos, uma boa noite e um óptimo Domingo!
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