Na estação dos correios
todos trabalhavam afincadamente para garantir que as cartas chegavam aos seus destinatários.
O carteiro Lopes saiu
para a distribuição, mas distraiu-se por segundos com um pássaro colorido que
voava pelos céus, não se apercebendo que deixara cair uma carta
Logo atrás seguia um
pequeno escuteiro que ia a comer as bolachas que conseguira não vender.
Ao ver a carta entusiasmou-se
com a possibilidade de conseguir a sua boa acção do dia. Infelizmente não tinha
ainda aprendido bem a ler e foi no receptáculo da casa mais próxima que enfiou
o envelope.
Naquela carta Vasco
declarava-se a Ana na esperança de impedir o seu casamento já marcado com
André, mas quem recebeu a carta foi Inês, vizinha de Ana.
Ela apercebeu-se a quem a
carta era dirigida, mas algo a impeliu a abri-la e a ler.
As palavras eram tão
profundas e genuínas que tocaram o seu coração. Viu-se imersa numa história de
amor que parecia ter sido escrita para ela. Passou a reler a carta todos os
dias, e cada dia parecia-lhe mais difícil ir entrega-la a Ana. Como poderia
explicar-lhe que a tinha aberto? E afinal, apesar de serem vizinhas desde
crianças, Ana nem sequer a tinha convidado para o casamento.
No dia marcado resolveu
passar pela Igreja. Levava a carta na carteira. Esperava talvez uma oportunidade
de se redimir. O noivo entrou nervoso e feliz. Ana chegou pouco depois, mas
quando Inês se dirigia a ela, ignorou-a. Inês ficou por lá algum tempo para
concluir que pareciam felizes.
Ao sair da Igreja a luz
do sol cegou-a e tropeçou. Quase caía, mas um jovem bonito e triste amparou-a.
Sentiu que algo os ligava e adivinhou que viriam a ser próximos, mas nunca lhe
contou que ficara com a carta que ele escrevera a Ana.
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