O mistério
do garfo cor-de-rosa
Meio
distraído enfiou a mão no bolso do casaco. Procurava um lenço ou o isqueiro, ou
o que fosse, não esperava era sentir dor. Algo lhe picara a mão do lado. Com cuidado,
procurou e encontrou o responsável. Tratava-se de um garfo cor-de-rosa e de
plástico.
Sentiu-se
de repente meio perdido, não percebia o que se passava. Não tomara nada, ou
achava que não, e não estava a dormir. Tinha acabado de almoçar uma feijoada na
tasca de esquina. De certeza que lá não iriam colocar-lhe nada na comida ou na
bebida, no tintol que lhe soubera pela vida, nem no café. Já lá ia há anos e
sempre correra tudo bem.
Garfos
cor-de-rosa não faziam parte do seu mundo. O achado não fazia sentido.
Esforçou-se
por reconstituir os seus passos desde que acordara, duche, café, enfiara o
casaco que deixara pendurado numa cadeira e seguira para o trabalho. No
escritório estava avariado o aquecimento e não tirara o casaco. Saiu para
almoçar. Viu-se a chegar à tasca. Pendurou o casaco num bengaleiro e sentou-se
na mesa do costume. Voltou atrás no que recordava. No bengaleiro, estava lá um
casaco da mesma cor, mas de senhora. Era fácil saber de quem era, sem dúvida da
mulher loura bonita com dois miúdos barulhentos que não paravam quietos.
O
garfo deve ser de um deles. Às tantas terá querido guardar o garfo no casaco da
mãe e enganou-se.
O
seu mundo voltara a ser ordenado e com sentido.
Só
tinha de no dia seguinte ir de novo almoçar à tasca e levar o garfo.
Por
segurança revistou o seu próprio casaco para se assegurar que mais nada
estranho ali fora enfiado e planeou vigiar sempre melhor o que se passava em
seu redor.
Só ia levar o garfo porque reparou que a loura era bonita kkkkkk
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