Leve, leve toque de mãos,
a sua na dela.
Caminhavam lado a lado,
no final da manhã. Pelas ruas por onde passavam, de alguns restaurantes e
tascas vinha o chamamento do peixe grelhado ou da vitela assada.
O sol já quase queimava
num prenúncio do esvaziamento das ruas quando quase todos se refugiariam em
casa, na travessia da tarde quente e longa.
Por momentos o tempo parou.
Ninguém vira ou percebera. Só os dois o sentiram.
Ela continuou a sorrir e
a conversar, como se nada tivesse sucedido, mas não se afastou, e ele resolveu
arriscar mais ainda, segurou-lhe a mão esquerda na sua direita, e nos novos
passos, seguiram de mãos dadas.
Ela continuou a
contar-lhe o que se passara na sua classe, um pouco mais afogueada e rosada, e
poderia ser do calor.
Ele absorto no momento,
acenava-lhe em concordância, mas quase não a entendia. De repente, o português
falado passara a língua estrangeira. Quando
chegarmos a casa dela, beijo-a? O que é que lhe digo?
Com tanto calor, a mão
dela era fresca e suave.
Demasiado cedo chegaram à
porta do prédio onde ela morava.
Indeciso e hesitante,
avançou, mas beijou-a na face, ela ia afastar-se, quando lembrou-se de lhe perguntar:
“Queres sair logo à noite?”
- “Quero sim, Rui”
O nome dele soou
diferente, dito por ela. Sorriram um para o outro antes de se afastarem.
Cá fora, tudo lhe parecia
mais brilhante e com sentido. A Dora, ia ser sua namorada, e tudo começara com
um toque de mãos.
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