O Anel Mágico
Se me
fosse oferecido um anel mágico que me permitisse obter um desejo, ficaria
pasma, emudecida e procuraria uma câmara escondida, não estivesse eu num
programa de “apanhados” de um qualquer canal televisivo. De seguida, como sou
um pouquinho desconfiada e cismada, procuraria desenfreada por uma etiqueta ou
inscrição no anel, que abonasse o poder de tal adorno. Uma singela etiqueta com
os dizeres “Made in Tiffany’s” bastaria para serenar as minhas ânsias. Uma vez
comprovado o valor e o poder do objeto ofertado, em tom altivo e formal,
formularia o seguinte desejo: “Excelentíssimo Senhor Anel, euuuu… peço
humildemente a Vossa Senhoria que me conceda uma audiência com o famigerado
Feiticeiro de Oz.” Dito e feito. Tal como a Dorothy Gale, personagem do livro
“O Maravilhoso Feiticeiro de Oz”, ver-me-ia perante o dito cujo a quem pediria
(não fosse eu bastante original) quatro novos desejos que passo a enumerar:
primeiro
- conceder cérebros a todos os espantalhos e seres acéfalos que, apesar da
baixa taxa de natalidade, pululam um pouco por toda a parte; segundo - ofertar
corações a todos os “homens de lata”. Homens de folha de flandres que nunca
tiveram este órgão tão importante ou que o perderam ao longo do caminho sinuoso
das suas vidas. Seres capazes dos atos
mais hediondos porque perderam a capacidade de amar; terceiro – facultar
coragem a todos os leões temerosos. Reis da selva que vivem escravizados pelo
medo de tudo o que os rodeia; e, por último, quarto – permitir-me, a mim
Dorothy, voltar a “casa.”
O que
mudaria? Tudo!
Todos
os pedaços do meu ser que perdi voltariam a juntar-se. A dor imensurável da
perda desapareceria. Voltaria a ser “eu.”
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