CNEC 62/34 - 7/10 - Diálogo

  

Os pais deles disseram, a freira disse “têm de confessar os vossos pecados” e ele esperava ali que fosse a hora de ir falar com o senhor padre. Seria a sua primeira confissão aos seis anos de idade. Com ele estavam também no começo, o Pedro, a Celina e o Rui, que foram entrando e saíram por outro lado.

Sozinho, com frio e preocupado, começou a falar para a Cruz.

- Deus, o que é que eu vou dizer ao Padre?

Antes tinham estado a falar uns com os outros e todos eles tinham pecados, menos ele que não se lembrava de nenhum. O Pedro empurrou o irmão, a Celina não obedeceu ao pai, o Rui chamou nomes ao Pedro.

- Eu não tenho irmãos, o meu pai está no estrangeiro “a trabalhar para nós” e o Pedro já não está aqui para lhe chamar nomes

Não lhes devia ter dito para irem primeiro enquanto pensava no que dizer, se pelo menos o Pedro ainda ali estivesse…

- Deus não sei o que dizer, Deus prometo que me vou portar bem se me disseres um pecado!

Ouviu então uma voz diferente, que nunca antes tinha escutado:

- NÃO ARRUMASTE O TEU QUARTO!

- E isso vale?

- VALE SIM! E DESOBEDECESTE À MÃE QUE TE DISSE VÁRIAS VEZES PARA O ARRUMARES!

Olhou para a cruz de onde parecia vir a voz, seria mesmo Deus? Ali não parecia estar mais ninguém.

- Vou dizer isso então…

- E VAIS ARRUMAR O TEU QUARTO?

- Vou sim!

Desde então passou a arrumar sempre o quarto e nunca mais escutou aquela voz.