Não fui eu!
Não fui eu que rachei a jarra.
A jarra rachou porque caiu da mesa.
Porque
é que caiu da mesa?
Porque alguém esbarrou nela.
Não fui eu!
Não ia a correr distraída e fui contra a mesa.
O que podia ter dito e não disse.
Foi o gato. Meteu-se entre as minhas pernas, não o vi,
fez-me tropeçar.
Foram as manas que me empurraram porque vinham a
correr e não me viram ou estavam zangadas comigo.
Foi um rato a fugir do gato que saltou para a mesa e
foi contra a jarra.
Ou foi o gato a fugir do cão.
Ou o cão a fugir das manas.
Não sou acusa-pilecas. Não posso dizer quem foi. Se
foi o gato, ou o rato, ou o cão ou as manas.
Não fui eu!
Foi um terramoto, mas fraquinho, mal se sentiu. Fez
tremer as chávenas nos pires e os copos no armário e estremecer a mesinha onde
estava a jarra, e a jarra caiu.
Não fui eu!
Pode ter sido um fantasma. Estava escuro. O fantasma
assustou-se com o terramoto (ninguém
contava com ele). Foi contra a mesinha onde estava a jarra e mandou-a para
o chão.
Não fui eu!
Foi o tapete que não estava no lugar, mas levantando
ou enrolado, e não abraçou a jarra como devia, quando esta caiu.
Foi o chão que é duro.
Não fui eu!
E eu nunca minto.
Não fui eu é a atitude típica do gato.
ResponderEliminarQue fez escola aqui em Macau.
Beijinho
Muito bem.. Haverá sempre um porquê das coisas acontecerem :))
ResponderEliminar-
A vida, é como uma janela aberta ...
Beijos. Boa Quinta-Feira!
Bom dia Redonda, gostei desta "Crónica de uma acusação infundada", quase parecendo algumas acusações, que são puras invenções, ou como aquelas magníficas que a Autoridade Tributária imputa ao contribuinte!
ResponderEliminarMas na fértil imaginação de uma criança, sem ainda os filtros que os adultos colocam, o seu texto está ótimo.
Bom fim de semana.
Etan Cohen