Ele e o Pavlo saíram no
fim da tarde. Iam à procura de algo para comer ou ver o que se passava.
Já o tinham feito outras
vezes. Tinham cuidado.
Algo que ouviram fez com
que procurassem abrigo numa casa destruída. Logo a seguir, a poucos metros,
passava por eles um batalhão que reconheceram. Não faziam presos, não deixavam
testemunhas.
No início do mês
tinham-nos vistos atirar no velho Minsk. Como eles saíra para procurar comida
ou ver o que se passava. Era meio surdo. Nem se apercebeu que atrás dele tinham
surgido soldados.
Num momento vivo, num
momento morto.
Ficou estendido na rua,
perto do passeio. Ninguém o foi lá buscar.
De onde estavam
escondidos, Pavlo fez com as mãos os gestos de quem tinha uma metralhadora e
disparava em direcção aos soldados. A olharem para fora, ele esbarrou em algo
que caiu e se partiu. Estavam tão perto que os ouviram e estacaram. Aperceberam‑se
que já não seguiam em frente e vinham para ali. Rápido Pavlo correu para os
fundos. Não havia porta, saiu a correr.
Ele não reagiu logo. Meio
tolhido, viu-os a aproximarem-se. Já não ia dar para fugir. Resolveu subir ao
primeiro andar da casa, pelo que restava das escadas. Lá em cima deu com salas
esburacadas e lixo, não havia nada onde se pudesse esconder. Entraram. Percebeu
que iam subir.
Lembrou-se do velho
Minsk, de como caíra. Num momento vivo, no seguinte, morto.
Imitou-lhe a posição de
como ficara, calado e imóvel, disfarçou-se de morto.
Subiram. Ouviu-lhe os
passos e as vozes.
Voltaram a descer, sem
disparar.
O seu disfarce enganara-os.
Esperou algum tempo antes
de se levantar e foi procurar o Pavlo.
Um conto inspirado na guerra atual. Gostei de ler apesar do tema.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Tomara que o Pavlo tenha se saído bem como ele....rsrsrs
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