quinta-feira, fevereiro 03, 2022

CNEC 58/30 - 9/10 - Sofia

 

 

 

Sofia levantou-se do chão e impulsionou o corpo para cima.

Estava rodeada de azul. De olhos abertos via o azul que a envolvia e o de tom mais claro em cima. Também em baixo sabia que os ladrilhos do chão eram azuis. Chegou à superfície e foi como se passasse para outro mundo. Céu azul, o brilho e calor do sol, e vozes, muitas vozes. Em algumas braçadas chegou às escadas, mais com a força dos braços, para não escorregar nos degraus escorregadios, saiu da piscina.

Permanecera no chão talvez por um minuto. Ninguém a notara. Gostava de o fazer. Mergulhava até tocar no chão com as pontas dos dedos. Sentia a pressão da água que a empurrava para cima, contrariava-a, sentava-se e rodeava as pernas com os braços. Sabia-se na parte mais profunda. Sabia que se não estivessem tantas pessoas por lá, não seria tão invisível, mas sentia-se de alguma forma só e livre. Tinha a força e o domínio para chegar e permanecer ali, perto e longe de todos.

Não tinha muito tempo para secar ao sol. Espremeu o cabelo preso com um elástico e libertou-o, fios de água escorreram-lhe pelo pescoço.

Era hora de regressar ao mundo, à sua realidade e problemas, o espectáculo tem de continuar.

Como quando era criança a aprender a andar, caía e levantava-se.

Amanhã poderia regressar à piscina

3 comentários:

  1. Piscina agora só de água quente! :))

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Meu nome predileto, Sofia. Usei-o quando voluntária de um grupo de ajuda.
    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  3. Quem fez natação competitiva como eu mal vejo uma piscina só me apetece fazer como a Sofia. Há muito que não entro numa porque mesmo no verão são bem caras.
    Gostei de conto de libertação pessoal.
    Beijos e um bom dia

    ResponderEliminar