Não pensava que seria assim.
Na aproximação fixei Fobos e
Deimos, “medo” e “pânico” a rodearem o planeta vermelho, Marte.
Sei que é menor que a Terra,
e com menos gravidade. A temperatura pode cair até menos de 150º negativos,
numa atmosfera composta principalmente por dióxido de carbono.
A sobrevivência apenas é
possível na estação escavada no solo.
Nos últimos anos fui
responsável nesta viagem pelo transporte dos cientistas e operários que aqui
irão ficar a viver por mais dez anos.
Felizmente não é o meu caso.
Nem terei de ir a Marte antes de iniciar o regresso com a equipe que será
substituída. Como na vinda serão colocados num coma leve, em suspensão de vida
para não sentirem o tempo e consumirem menos alimentos e oxigénio.
Ficarei de novo só, rodeado
das cápsulas de suporte de vida.
Durante anos competi para
ser o melhor, passei sucessivamente todas as provas, soube responder
correctamente a todas as questões, mesmo as de ordem psicológica. Sabia o que
era esperado de mim. Respondi em conformidade.
Todavia, bem lá no fundo, se
enganei todos, não me enganei a mim próprio.
A força que aparento esconde
a intranquilidade que me devasta.
Envelheço nestas viagens.
Fobos e deimos invadem-me.
Apesar disso, não pensava
que seria assim.
Olho para o mundo desértico
e gelado, à minha frente, Marte.
Não vejo a aventura ou um
sentido. Viemos procurar a salvação da Terra e cada vez mais se descobrem
evidências quanto a ter sucedido o contrário. A Terra foi a salvação de Marte.
Para o homem não há plano B.
E em fundo ouve-se Starman de David Bowie.
ResponderEliminarEXCELENTE.