Estava a trabalhar, mas calhou levantar os olhos, olhar pela janela, fixar o que se passava à minha frente. Não sei porque o fiz, não houve uma razão, nenhum barulho anormal ou diferença na luz chamou a minha a atenção. Talvez procurasse descanso ou inspiração.
De onde estava via parte da rua, uma
avenida com um separador central, prédios altos e bastante movimento, sobretudo
nas horas de ponta quando são muitos a ir para os empregos, a sair para almoçar
e a regressar a casa.
Não era hora de ponta.
A meio da tarde, era de dia, o sol ainda
não se punha, não era baixo para cegar os condutores. Não chovia. Não havia muito
trânsito. Pela proximidade da rotunda, os carros seguiam abaixo da velocidade
máxima permitida, talvez a vinte ou a trinta quilómetros.
Vi a garota que descia a rua em
passos regulares, pelo passeio, mas longe da berma. Algo do outro lado chamou a
sua atenção. Percebi que ia iniciar uma corrida para atravessar obliquamente.
Estava longe da passadeira e não olhou sequer. Não viu o carro que no mesmo
sentido ia alcançar o sítio por onde decidiu atravessar.
Não lhe podia gritar para que olhasse
ou parasse porque tudo se passou em segundos, mas de onde eu estava, o tempo
parou quando adivinhei a sua intenção e o que ia suceder.
O condutor não teve hipótese de se
desviar ou de parar.
Bateu-lhe.
O corpo leve de jovem foi projectado
para a frente e para o lado. Terá sido devolvida ao passeio que queria
abandonar. Deixei de a ver. O carro parou.
Juntaram-se pessoas. Também eu procurei
saber o que se passava. Alguém chamou a ambulância que a transportou para o
hospital com o diagnóstico de uma perna partida.
Não soube mais dela ou do condutor.
Ficar sem saber.... oh! agonia que nos persegue por dias seguidfos!!!
ResponderEliminar"o carro parou" e assim cumpriu o dever cívico que muitos automobilistas não o fazem: prestar auxilio.
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
À boa maneira portuguesa, podia ser pior!
ResponderEliminarAbraço