sábado, dezembro 18, 2021

Livros 2021 (33) O Meu Inimigo Mortal de Willa Cather

O Meu Inimigo Mortal

 O Meu Inimigo Mortal de Willa Cather

Sinopse no site da Bertrand

"Pelos olhos da jovem Nellie, vemos a vida de Myra, uma lenda da cidade do Sul onde ambas nasceram. Myra trocou o luxo e ostentação em que nasceu pelo amor de Oswald Henshawe, um rapaz pobre com quem fugiu. Vinte e cinco anos mais tarde, Nellie encontra o casal a viver na elegante pobreza de um modesto apartamento, frequentado por cantores, actores e poetas — no coração da comunidade artística de Nova Iorque. " Volta a reencontrar o casal e uma Myra sofrida que se volta contra o amor humilde que a fez prescindir da importância que queria sempre ter na sua vida -  o seu inimigo mortal."

No Observador (apenas transpus aquilo com que concordava)

Myra Driscoll, órfã criada por um tio-avô tão abastado quanto rude e obstinado, apaixona-se pelo rapaz “errado”: Oswald Henshawe, recém-formado por Harvard e filho de um professor da terra – a ficcional Parthia, no Illinois – com o qual o tio-avô embirra figadalmente. Quando Myra manifesta intenção de casar-se com Oswald, o tio-avô adverte-a que não herdará dele um cêntimo. Myra desafia a autoridade patriarcal e as convenções e foge com Oswald, tornando-se numa figura lendária em Parthia, sobretudo entre as jovens – entre as quais está Nellie Birdseye, narradora e sobrinha de Lydia, uma das melhores amigas de Myra. Quando, anos mais tarde, Nellie conhece Myra, esta parece-lhe uma figura fascinante, à altura da lenda, mas quando, uns meses depois, a visita em Nova Iorque, apercebe-se, pouco a pouco, de aspectos amargos da sua personalidade, nomeadamente quando, durante um passeio de cabriolé por Central Park, com Myra, se cruzam com uma conhecida desta, que se desloca numa luxuosa carruagem: “Aquela, Nellie, é a última mulher que queria ver a passar por mim e salpicar-me de lama, e eu num cabriolé!”.

 

Central Park, 1901 e Willa Cather, em 1912

A reacção de Myra deixou Nellie desiludida por ter vislumbrado no seu ídolo “uma ambição sem sentido” e este se atormentar a “desejar uma carruagem, e estábulos e uma casa e criados, tudo o que vinha com a carruagem!”. O encontro envenenou o resto do passeio para Myra, que, sob a expressão trocista que afivelou no rosto, ficou a ruminar sobre ele, rematando, ao reentrar em casa, que “é muito mau ser pobre!”. (…) Este romance – na verdade uma novela de 78 páginas – de 1926 é o oitavo de Willa Cather (1873-1947), autora distinguida com o Prémio Pulitzer em 1923, por One of ours, e que embora seja prestigiada nos EUA, é quase desconhecida por cá, não fosse a Relógio D’Água ter publicado há uns anos Uma mulher perdida. (…) A Relógio D’Água tem vindo a ilustrar as capas da sua colecção “Clássicos para Leitores de Hoje” com quadros bem escolhidos, mas neste caso é difícil perceber o que liga uma narrativa passada nos EUA da segunda metade do século XIX com a paisagem veneziana – com o Campanile, a Basílica de S. Marcos e gôndolas – representada em “Rapariga numa varanda, Veneza” (1886) de Pierre Franc-Lamy."

Na contracapa:

"Willa Cather nasceu numa pequena quinta em Back Creek, na Virginia, em Dezembro de 1873. Em 1883, a família, de origem irlandesam foi viver para um rancho em Red Cloud, no Nebraska, cidade celebrada nas suas obras. Depois de se formar na University of Nebraska, Willa Cather rabalhou como professora e jornalista em Pittsburgh. Em 1912 abandonou o jornalismo para se dedicar à escrita ficcional.

Admiradora de Flaubert e Henry James, publico o seu primeiro romance, Alexander's Bridge, nesse mesmo ano. Ao longo da vida escreveu mais onze romances, incluindo O Pioneers! My Antonia, The Professor's House e Death Comes for te Archbishop e The Last Lady (Uma Mulher Perdida), que receberam a adiração de William Faulkner e Truman Capote. É também autora de contos, ensaios e de uma antologia de poemas.

Foi galordoada com o Prémio Pulitzer por One of Ours em 1923.

Moreu em Nova em 1947.

Pág. 24

"A neve continuou a cair suavemente durante toda a arde e homens velhos e amigáveis equipados de vassouras limpavam os caminhos, sempre prontos a conversar com uma rapariga do campo, e a varrer um banco onde ela se pudesse sentar. As árvores e os arbustos pareciam estar bem tratados e sociáveis e lembravam pessoas simpáticas. A neve ficav presa nos arbustos como pregas de vestidos e delineava todos os ramos de todas as árvores; uma linha branca sobre uma linha escura. Madison Square Garden, novo e amplo nessa altura, parecia-me luminoso e elegante e a Diana de Saint-Gaudens, de que Mrs Henshawe me tinha falado, lançava-se no ar cinzento com um passo livre e sem medo. Deixei-me ficar junto à fonte intermitente. O salpicar ritmado da água era como a voz daquele lugar. Elevava-se e descia como algo a respirar profunda e alegremente; e o som era musical, parecia vir da garganta de uma nascente. Não muito longe, na esquina, estava um velho a vender violetas inglesas, cada ramo envlto num papel oleado para as proteger da neve. Neste lugar, senti, o Inverno não trazia qualquer desolação; era manso, como um urso polar conduzido pela trela por uma senhora bonita."

Gostei deste livro, de como está escrito, da sua atmosfera, do olhar da narradora. Não gostei de como termina. 

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