O que acontece depois
Não acreditou quando o
irmão mais velho lhe disse que era tudo inventado, que eram os pais que traziam
as prendas e comiam as bolachas e bebiam o leite que era para o Pai Natal.
Naquele ano resolveu
preparar-se. Sem ninguém perceber aproveitou para dormir mesmo a sesta
juntamente com a irmã bebé. E como ela dormia, parecia que passava o tempo todo
a dormir, com breve intervalos para chorar e pedir biberão. Depois esforçou‑se
por continuar calmo e disfarçar, para ninguém desconfiar do seu plano.
Foi para a cama quando
lhe disseram, mas quando se apercebeu pelo silêncio na casa que também os pais
se tinham ido deitar e que não faltaria muito para a meia-noite, afastou os
cobertores para que o frio o ajudasse a manter-se acordado.
A cama parecia tão macia
e quente que lhe custou imenso, mas conseguiu levantar‑se. Calçou as pantufas e
pé ante pé, dirigiu-se à sala.
A árvore de Natal piscava
com as luzinhas ainda acesas. Reparou então em choque que apesar de ainda não
ser meia noite já as prendas embrulhadas em papéis coloridos rodeavam a árvore
e que o leite e as bolachinhas tinham desaparecido.
Nem pensou em procurar e
chocalhar os embrulhos que tinham o seu nome, como antes gostava de fazer.
Será que o irmão estava
certo?
Teria sido tudo feito
pelos pais?
Será que o Pai Natal não
existia?
Foi então que ouviu um
barulho. Algo volumoso escorregava pela chaminé. Escondeu-se atrás de um sofá e
esperou.
Não estava mais sozinho.
Alguém entrara na sala pela chaminé. Espreitou e viu-o. Era o Pai Natal, só
podia. De roupa vermelha e barba branca e com um saco de presentes, mas a olhar
desanimado para a árvore. Comentou baixinho, “vou ter de levar comigo o que
trazia, bem podiam avisar antes…e nem há bolachas e leite, de novo!”
Viu-o encaminhar-se para
a chaminé e seguiu-o. Aproveitou o momento em que ele começou a subir, como que
aspirado pelo ar frio de lá de fora, para se agarrar a uma ponta do saco e
subiu também.
Ao lado do telhado
esperavam as renas atreladas ao trenó.
Sem que o Pai Natal
reparasse, escondeu-se atrás de outros sacos. Duas das renas viram-no, mas não
disseram nada
O trenó elevou-se no ar e
voltou a pousar no telhado da casa ao lado. Manteve-se escondido enquanto o Pai
Natal se ausentava e isto repetiu-se várias vezes. Só de algumas regressava o
Pai Natal com o saco vazio e apenas numa casa pôde provar uma bolachinha como
comentou com as renas. Não sentia frio, mas começava a estar cansado de tantas
paragens e foi então que o Pai Natal o descobriu: “mas o que temos aqui? Já
passou há muito a tua hora de dormir, deves estar cheio de sono…” Ouvir o Pai
Natal dizê-lo, fez com que sentisse mais sono, e sem querer, adormeceu.
Quando despertou estava
na sua cama e já era de manhã.
O Pai Natal teve de
voltar atrás para o deixar ali, e ainda bem que sabia ou adivinhou qual era a
sua casa e a sua cama.
Era dia de Natal e de abrir as prendas e iria
guardar o segredo daquela noite, mesmo que o irmão voltasse a dizer que o Pai
Natal não existia.
Muito bom este pequeno conto sobre o Pai Natal.
ResponderEliminarCada vez gosto mais da sua escrita.
Abraço e saúde
Comentei e não ficou.
ResponderEliminarAdorei o sonho e o texto.
Beijinho
Uma pérola e lindíssimo.
ResponderEliminarBeijos e um bom dia