quarta-feira, novembro 10, 2021

CNEC 57/29 - 9/10 - Quando o silêncio é ouro

        Quando o silêncio é ouro

 

O Juiz lê a acusação sem tirar os olhos do processo. À frente dele o arguido parece querer interrompê-lo, negar uma das imputações ou corrigi-la, mas um gesto do seu Advogado, faz com que permaneça calado.

Após a leitura o Juiz dirige-se ao arguido:

- Sabe que não é obrigado a falar Sr. José, quer fazê-lo?

- É tudo mentira!

- Como é tudo mentira? Não se encontravam os dois em sua casa, o senhor e o seu irmão?

- Isso é verdade Sr. Juiz.

- E o que aconteceu então?

- Bem o meu irmão veio para mim e eu tive de me defender.

- Ele foi para si como?

- Chamou-me filho da curta, nem pensou o burro, porque temos a mesma mãe e

- E ?

- Eu peguei no candeeiro e enfiei-o na cabeça dele.

- Isso não é defesa Sr. José!

- É que quando ele falou na minha mãe eu vi tudo negro, enfiei-lhe com o candeeiro, ele caiu ao chão, mas parecia que me ia dar um pontapé, por isso dei-lhe eu primeiro

- E mandou-o para o Hospital.

- Pois foi Sr. Juiz.

- E está arrependido?

- Não Sr. Juiz, fazia tudo de nov…pára de falar quando repara no olhar do seu Advogado e corrige: estou arrependido, sim.

Nas Alegações o Ministério Público e a Defesa só pediram justiça.

O Juiz ditou logo a Sentença, e condenou-o numa pena de trabalho a favor da comunidade.

Cá fora no hall lembrou-se o arguido da recomendação do seu Advogado, perguntando-lhe só para confirmar, ah era para ficar calado?

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