Quando o silêncio é ouro
O Juiz lê a acusação sem tirar os olhos do processo. À frente dele o arguido parece querer interrompê-lo, negar uma das imputações ou corrigi-la, mas um gesto do seu Advogado, faz com que permaneça calado.
Após a leitura o Juiz dirige-se
ao arguido:
- Sabe que não é obrigado
a falar Sr. José, quer fazê-lo?
- É tudo mentira!
- Como é tudo mentira?
Não se encontravam os dois em sua casa, o senhor e o seu irmão?
- Isso é verdade Sr.
Juiz.
- E o que aconteceu
então?
- Bem o meu irmão veio
para mim e eu tive de me defender.
- Ele foi para si como?
- Chamou-me filho da
curta, nem pensou o burro, porque temos a mesma mãe e
- E ?
- Eu peguei no candeeiro
e enfiei-o na cabeça dele.
- Isso não é defesa Sr.
José!
- É que quando ele falou
na minha mãe eu vi tudo negro, enfiei-lhe com o candeeiro, ele caiu ao chão,
mas parecia que me ia dar um pontapé, por isso dei-lhe eu primeiro
- E mandou-o para o
Hospital.
- Pois foi Sr. Juiz.
- E está arrependido?
- Não Sr. Juiz, fazia
tudo de nov…pára de falar quando repara no olhar do seu Advogado e corrige:
estou arrependido, sim.
Nas Alegações o
Ministério Público e a Defesa só pediram justiça.
O Juiz ditou logo a
Sentença, e condenou-o numa pena de trabalho a favor da comunidade.
Cá fora no hall lembrou-se
o arguido da recomendação do seu Advogado, perguntando-lhe só para confirmar,
ah era para ficar calado?
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