Segunda-feira cinzenta e
de chuva com o trânsito em pára-arranca. Pedro via cada vez mais como certo que
chegaria novamente atrasado ao trabalho. Não servira de nada ter acordado e
saído mais cedo.
Foi o desespero e a
pressa que o levaram a tentar um atalho. Foi buzinado na saída repentina da
fila para descobrir mais à frente que obras impediam o acesso à direita. Deu o
pisca para regressar à esquerda e deparou com rostos fechados e fila cerrada.
Parecia uma guerra. Apanhou um condutor mais distraído para enfiar a frente do
seu carro e vê‑o a acelerar para lhe impedir a entrada até travar bruscamente.
Ficaram num impasse, nem
ele tinha ângulo para virar, nem o outro conseguia passar, o que não o impediu
de buzinar zangado. Ele é que não ia recuar. Entre-dentes proferiu uma frase
menos simpática na qual mencionava a mãe do buzinador, que sem duvida terá
feito o mesmo. Saíram dos veículos e repetiram os insultos, cresceram um para o
outro, e o cobarde deu-lhe um murro e deixou-o estendido. Apanhou-o de surpresa
ou ele escorregou no piso molhado, o que foi uma sorte, a não ser assim, teria
respondido, e se não houvesse alguém que o agarrasse, ia desfazê-lo. Com ele
ninguém brincava.
O cobarde deve tê-lo
pressentido porque enfiou-se logo no carro e aproveitou uma aberta para o
contornar e seguir.
No entanto, o tráfego tão
entupido, deu-lhe tempo a ele para se levantar e fotografá‑lo, primeiro o carro
dele, e depois pela janela o condutor, agarrado ao volante.
Meses depois, ali estavam
todos para o julgamento.
Ouviram primeiro o outro,
o arguido, até ele entrar, meio nervoso pelo espaço estranho.
Então, o “arguido”, mais
nervoso do que ele, pediu-lhe desculpa.
Olhou para ele e viu-o,
como igual.
E desistiu do processo.
No trânsito como noutras áreas todos os comportamentos humanos são idênticos. Na condução quem nunca pecou que atire a 1ª pedra.
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Saudações poéticas
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Tão bem escrito e contado...Acontece muito e adorei o final, que infelizmente, nem sempre é esse! beijos, chica
ResponderEliminarPenso que seria impensável com duas mulheres!
ResponderEliminarAbraço
Que bem relatado o "pão-nosso-de-cada-dia" de quem anda na estrada e seria muito bom que todos e todas se "vissem como igual!
ResponderEliminarBeijocas e um bom dia
Fez as contas e viu que dava menos trabalho pedir desculpas....rsrsrs
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