Catarina repetiu:
- Saia na saída!
Tinha quase a certeza que ela estava enganada. Já
não vinha para aquelas bandas há anos, mas juraria que a saída era mais à
frente.
Resolveu arriscar e continuou.
Catarina ficou calada por instantes, talvez baralhada
por aquela desobediência imprevista. No entanto, rapidamente terá reformulado o
que estava a pensar, ordenando:
- Faça inversão de marcha!
Ele continuou.
- Contorne a rotunda e saia na quinta.
Ele saiu na segunda.
Catarina ficou calada. Estranhamente não insistiu.
Algo se passaria. Olhou para o visor. No ecrã, o pequeno carro cinzento que o
representava tinha deixado a estrada e seguia agora pelo campo.
Olhou em redor, a estrada parecia nova.
Tinha-se enganado no caminho e a Catarina não podia
ou não queria mais ajudá‑lo. Desligou-a.
Estava sozinho.
Definitivamente aquela era uma estrada nova, o
alcatrão reluzia, nas bermas ainda não cresciam ervas e as árvores poupadas no
desenho a régua, mantinham a distância regulamentar de três metros.
Pareceu-lhe tudo muito monótono.
A condução e a paisagem deram-lhe sono.
Resolveu ligar novamente o aparelho.
Regressou a imagem. O carrinho cinzento continuava a
atravessar o campo. Descobriu que seguia em paralelo com a estrada antiga,
aquela pela qual queria ter tido. A Catarina mantinha-se em silêncio. Devia ter
amuado. A certa altura aquilo começou a chateá-lo. Parou na berma e decidiu procurar
a voz masculina que substituiria a Catarina. Não se apercebeu do camião que
vinha atrás com um condutor distraído a enviar mensagens, até se dar o embate.
Ele não sofreu nada, só o choque. Quando chegaram os
socorristas ouviram-no a culpar a Catarina por ter ido pelo caminho errado,
tinha-o chateado a querer ter sempre razão. Um deles pensou em ir procura-la
até o colega lhe dizer quem era, ou melhor, o que era a Catarina.
Muito boa essa estória. A gente acaba falando com as máquinas e sentindo como se elas pudessem nos aborrecer....acontece comigo também kkkkk
ResponderEliminarSe falasse inglês diria que era a nossa amiga canadiana :)))
ResponderEliminarÀs vezes, a Catarina engana-se, mas aqui não parece ter sido o caso. Só que arranjar um bode expiatório dá jeito e está mais à mão.
ResponderEliminarUm beijinho, Gábi, e um dia com outras boas histórias.
Essa do camionista usar o telemóvel também é real e vejo muitos a fazê-lo. Quanto à Catarina GPS fez-me rir e ele só entendeu quando o colega lhe explicou.
ResponderEliminarMuito bom e eu nunca usei essa ferramenta, mas quando vou no carro com os meus quase que adormeço mas felizmente vou de pendura:)))
Gostei imenso.
Beijocas e um bom dia