O convite
O envelope em papel fino e trabalhado
aguardou na caixa do correio todo o fim-de-semana.
Fora entregue em mão numa altura não
esperada.
Misturado com a publicidade sobressaiu
quando abriu a caixa.
Não tinha remetente.
Abriu-o com um corta-papéis há muito não
utilizado.
De lá saiu outro envelope menor, este não
estava fechado e no seu interior guardava um cartão:
“Carlos e Diana têm a honra de o convidar
para o seu casamento”
Teve de se sentar.
Como era possível?
Fora há muitos anos que o destino se
cruzara com o da Diana. Na altura ela era uma criança, uma menina de três anos
de idade. O pai dela trabalhava perto e soubera do seu pedido de ajuda por um
colega. Mal se conheciam, mas como outros lá no escritório resolvera fazer o
teste. A probabilidade era tão reduzida que ficou surpreendido quando o
contactaram. Tudo fora feito anonimamente e ele podia ainda rejeitar a doação,
mas foi em frente. Não lhe custou muito, foi mais o receio de como seria.
Depois, mantendo-se o anonimato, quis
saber se tudo teria corrido bem. Foi então que os pais dela descobriram que
tinha sido ele o doador. Encontraram-se por acaso no Hospital e ficaram os três
em silêncio, sem palavras, mas emocionados.
Tinham mantido o contacto à distância. Ia
sabendo dos passos importantes da vida dela. A ida para a escola, o curso. A
mãe dela ligava-lhe sempre pelo Natal. Entretanto ele tinha tido a sua dose de
problemas, passara por um divórcio e já estava reformado. No último ano ganhara
um neto que tencionava “estragar”, permitindo-lhe tudo.
A Diana devia estar com vinte e cinco anos.
Ia casar-se! E também não o esquecera.
Claro que iria. Celebraria a vida dela e
um acto que dera sentido à sua.
O tempo é o senhor da razão! Belo conto, Gábi. Abraço.
ResponderEliminarSó agora consegui ler esta perola que gostei muito e até suspirei:)
ResponderEliminarBeijocas e um bom dia