quinta-feira, fevereiro 11, 2021

CNEC 53/25 - 5/10 - Era uma vez um sonho

 Era uma vez um sonho que uniu um casal.

- Conta outra vez, mãe!

- Já contei mais cem, tu e a tua irmã não estão já fartas de me ouvir?

Em coro, as duas: “Não!”

- Então, vamos lá:

Era uma vez um sonho que uniu um casal.

Estavam os dois na melhor confeitaria do reino, mas não se conheciam, e o príncipe pediu o último sonho. Aquele era o melhor sonho que alguma vez existira, dourado, coberto de açúcar, docinho e absolutamente perfeito, e era também o último.

Quando o colocaram num prato à sua frente, reparou o príncipe que atrás de si, segunda na fila, estava a mais bela princesa – nesta altura o pai das crianças e marido há dez anos, que parecia estar absorvido nas Noticias, ergue as sobrancelhas e diz algo imperceptível.

Não deixo que me perturbe e continuo, “a mais bela princesa por fora e por dentro, olhava para o sonho, triste e ansiosa, porque se apercebera que era o último, além do mais perfeito.

Foi então que o príncipe gentilmente recuou para lhe ceder o sonho, mas…”

- “Mas”, repetem as filhas, na expectativa,

- O vosso pai, terceiro na fila, avança, agarra o sonho e devora-o só com uma dentada!

As filhas riem, e pergunta a mais velha: “e porque não escolheste antes o príncipe, mama?

Olho para marido, de novo aparentemente absorvido nas notícias e escolho um final diferente, “bem, eu tinha de o fazer pagar”

Ele também ri e vem ter connosco, “preferia a outra versão da história, como era? do terceiro da fila ser bem mais atraente e simpático. Muito bem meninas, qual é a moral da história?”

Elas não sabem, e ele responde: “não desistam de agarrar o vosso sonho” e agarra-me a mim.

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