Foi por pouco!
Tive de correr mas cheguei
ao pé do elevador quando a porta começava a fechar‑se. Premi o botão e voltou a
abrir-se.
À minha frente seis
rostos fechados e enfadados. Pareceu-me até que uma senhora tinha estado a
carregar no botão para fechar muito assertivamente e não queria larga-lo.
- “Com licença, com
licença.” Consegui enfiar-me no meio deles.
Estavam já marcados os
andares 5, 6 e 7. Quando marquei o 4, cresceu o mal-estar à minha volta. Alguém
disse, “andamos a parar em todos os apeadeiros”. Aquelas pessoas não estavam
nada felizes. A minha sorte em apanhar o elevador fora um grande contratempo
para eles.
O pior foi quando, depois
de se fechar a porta, e o elevador começar vagarosamente a mover-se, nos apercebemos
que descia…
Alguém o chamara, aparentemente
do Andar 2, onde voltou a parar.
A porta abriu-se muito
lentamente. Uma senhora olhou para nós. Tentei suavizar o ambiente dirigindo-lhe
um pequeno sorriso, enquanto tentava recuar para abrir espaço para ela. A
senhora que não pareceu ver-me, nem aos demais, enfiou um braço com sacos de
compras pela porta dentro e gritou para alguém que não víamos:
- Está aqui o elevador!
A mesma voz atrás de mim
que comentara a paragem em todos os apeadeiros fez‑se ouvir “não cabe mais
ninguém!” no preciso momento em que surgiu um senhor e duas jovens, talvez o
marido e as filhas, uma delas extraordinariamente bonita…o que terá contribuído
para que finalmente alguns recuassem e pudessem entrar todos. Afinal ainda
cabia mais alguém, e logo quatro.
Como sardinhas em lata
mas protegidos assim de qualquer oscilação inesperada constatámos que finalmente
subíamos.
Depois, não foi fácil
chegar à porta para sair no meu andar, mas lá consegui e assim cheguei a horas
à minha consulta.
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