Bem, a culpa foi do
facebook.
Modernices reveladas
pela filha.
E ali estava, vinte
anos depois, na velha tasca dos quatro.
As paredes de cor
indeterminada, as velhas cadeiras e mesas de madeira, o presunto pendurado no
tecto, um leve cheiro a fumo e vinho. Levou um susto quando o chefe lhe veio
servir uma bebida, mas depois apercebeu-se que era o filho, cara-chapada do
dono que antes os atendia
Foi o primeiro a chegar
e enquanto esperava pelos amigos, deixou-se levar até ao passado. Conheceram-se
na primeira classe, na escola da aldeia. Juntavam-se nos recreios para jogar à
bola, quando não tinham uma, inventavam-na. Partilharam a gazeta e fugas à
escola, as asneiras e as tareias dos pais ou mães, que não lhes servia de emenda
Os quatro sabiam que
estavam juntos, um por todos e todos por um.
Ele, o Zé grande, o Zé
pequeno e o Ivo. Foi-se vendo e vendo os outos enquanto cresciam, arranjaram os
primeiros trabalhos, foram à tropa, saíram em namoricos. Depois, ele teve sorte
e começou a trabalhar na oficina com o tio. Os outros não se safavam e
emigraram, dois para França, um para Angola. Ia sabendo deles por familiares,
mas foram perdendo o contacto. Não eram de trocar cartas. Não se usava
telefonar, nem saberia o que lhes dizer.
Até que a filha de
tanto o ouvir falar nos amigos os encontrou com o facebook e marcaram o
encontro.
Percebeu então que os
outros chegavam. O Zé pequeno tornara-se bem grande, mas na barriga, o Zé grande
continuava gordo, o Ivo estava careca. Os quatro tinham ganho peso.
Sentaram-se à mesa,
beberam, petiscaram, conversaram.
Parecia que tinham
estado sempre juntos.
Na despedida não chorou
porque um homem não chora. Abraçaram-se.
Ficou a promessa de repetirem
no próximo ano
Um conto muito bonito e tantas vezes real.
ResponderEliminarGostei de ler.
abraço
muito obrigada
ResponderEliminarum abraço