Um homem entra numa
loja, e pouco depois, agarrando um blusão, sai apressado.
A funcionária estava meio
atenta mas talvez pelo movimento súbito apercebe‑se do sucedido e alerta o
segurança, que por sua vez chama outro.
Corre atrás dele pelo
centro comercial, na direcção do colega, e cercam-no.
Trocam insultos que
envolvem as respectivas mães, até que conseguem agarrá‑lo.
Entretanto, chegam dois
agentes da polícia que o levam detido para a esquadra. O blusão é apreendido
como meio de prova e a gerente formaliza a queixa.
Duas horas depois é
conduzido ao tribunal para o julgamento em processo sumário. O defensor que lhe
foi nomeado aconselha-o a confessar “porque a prova é forte”, e diz-lhe varias
vezes que “deve declarar-se arrependido.”
Esperam os cinco no
grande hall, ele, o defensor, os dois agentes e a funcionária da loja.
Um dos agente conta uma
piada:
“Um homem entra numa
loja de lingerie, vai ter com a funcionária ao balcão e pede-lhe: “Precisava de
ajuda para escolher uma prenda para a minha namorada”
Ela responde-lhe a
sorrir, “Tenho umas meias com liga muito finas, quer ver?
- “Claro, mas primeiro
queria escolher a prenda”.
Os quatro riem. Ele,
não.
Entra finalmente para a
sala de audiência. Dizem-lhe para se levantar quando entra o juiz. Todos ali
vestem preto, menos ele, e a sala é gelada.
Confirma os dados da
sua identificação, ouve a acusação. Quando o juiz lhe pergunta se quer falar,
diz primeiro que não, depois lembra-se:
“Declaro-me arrependido!”
- “Mas afinal confessa?”,
pergunta o juiz.
O defensor acena-lhe
para responder que sim e é o que faz.
Mal ouve ou percebe a
sentença. Foi condenado numa multa. O defensor explica-lhe que se não pagar
pode ir preso.
Pensa depois: ninguém
lhe perguntou, mas o blusão era o dele.
Fez-me recordar uma história que sempre escutei à minha mãe, supostamente passada com o já falecido actor Camilo de Oliveira, que sentado sobre o seu próprio carro, em pleno Estado Novo, é instado por um polícia a sair de cima do veiculo. Cujo recusando-se o interpelado a obedecer ao senhor agente, acaba levado para a esquadra e resumo que acusação dum lado e contradição do outro se terminou sabendo que o veiculo era do próprio acusado, ao que o agente perguntou: então porque não disse logo? E o acusado respondeu, porque até ao momento ninguém me havia perguntado!
ResponderEliminarEsperando já esteja a ser, desejo continuação de
Feliz 2019
Não conhecia a história, gostei.
Eliminarobrigada e Feliz 2019 também
Se calhar há muitos julgamentos apressados como este! :)
ResponderEliminarAbraço
Esperemos que não
Eliminarum abraço